A bancarrota das concepções ultra esquerdistas sobre a crise do capitalismo
E.B.
Nota do CVM: Este artigo foi originalmente publicado no jornal Gegen den Strom (Contra a Corrente) da Oposição ao Partido Comunista Alemão (KPA-O) e traduzido pelo coletivo Marxismo Militante – Exterior, n. 3, abril 1977, págs. 69-76.
As derrotas do PCA em 13 de março, em 10 e 24 de abril (1) iluminam repentinamente a situação fatal em que o Partido Comunista se encontra, pois o inimigo mais perigoso da classe operária, o fascismo, avança de vitória em vitória e realiza os últimos preparativos para a tomada do poder. Há tempo não é mais segredo que o Partido Comunista, devido à sua incorreta política ultra esquerdista, não é mais o bastião revolucionário, como a burocracia partidária o pretende e que há anos não possui mais nenhuma influência digna de menção nas fábricas e nas grandes organizações de massa da classe operária. Esta fraqueza do PCA, decisiva e real, foi, porém, escondida pelo fato de que desde o início da crise novas massas de membros afluíam ao Partido e que desde então pode também obter sucessos parlamentares. Esta fachada brilhante escondeu anos a fio a pobreza e a miséria da linha ultra esquerdista. Agora nas eleições das últimas semanas, esta fachada desmoronou e por trás dos destroços a classe operária não vê nada – a não ser vacuidade e vazio. Uma visão deveras alarmante! O inimigo em marcha – e o único partido, sob cuja liderança a classe operária pode rebatê-lo, [N.E: está] enfraquecido, confuso, vacilante em suas fileiras.
Esta situação ameaçadora tem que obrigar os membros do PCA à reflexão, à pesquisa das causas que levaram o Partido à sua iminente derrocada. Esta reflexão crítica começou para alguns, para os operários politicamente mais esclarecidos. Se o avanço do fascismo, as derrotas do Partido não conseguiram assustar a burocracia soberana em sua calma olímpica, a insatisfação dos membros, a dúvida crescente destes acerca da justeza da linha política, a acessibilidade destes aos argumentos do PCA-O (2) a tornam cada vez mais intranquila. Por isto ela empreende os mais desesperados esforços para salvar o mais sagrado dos bens – a infalibilidade da direção ultra esquerdista e a confiança cega em suas resoluções. Mas a continuidade da existência do Partido, a sua afirmação frente ao fascismo, depende exatamente de que a crença fetichista na política e na direção ultra esquerdista seja destruída radicalmente e que os membros consigam no último momento forçar uma mudança de diretrizes. A manobra da burocracia partidária de encobrir a própria bancarrota com a “autocritica bolchevista”, ou seja, com a crítica aos operários comunistas é infelizmente favorecida pelo fato de que uma grande parte dos membros, há pouco tempo no Partido, sem formação política e sem experiência, não conhece o desenvolvimento do PCA, nem da política e da tática comunista e antes de tudo não tem a mínima ideia da história da política ultra esquerdista e de seus erros. O que isto significa no atual momento vê-se imediatamente, se se leva em conta dois fatos: que o destino do PCA e da classe operária alemã durante muitos anos dependerá da liquidação da política ultra esquerdista e da sua substituição por uma política comunista de frente única, e que esta mudança de diretriz não virá de cima, pelo contrário, só poderá ser conquistada pelas bases contra a vontade da liderança a ultra esquerdista. O operário comunista, o simples membro do Partido tem em suas mãos a chave que pode abrir os portões para os amplos campos de uma política comunista plena de sucessos. Esclarecer este operário, ligar o ensinamento dos fatos com a crítica da linha ultra esquerdista expondo as necessidades políticas destes dias e semanas – esta é a tarefa mais importante do PCA-O no momento. Do cumprimento desta tarefa – liderar os membros comunistas na rebelião contra a burocracia ultra esquerdista incapaz – dependerá se o mundo viverá ou não um segundo drama finlandês, desta vez em território alemão. leia mais