Estagflação com novo patamar de exploração e miséria: a economia brasileira no final de 2021
CEM FLORES – 17.12.2021
Na última divulgação do IBGE, o PIB estagnou (-0,1%) no 3º trimestre. Somado ao resultado anterior, -0,4%, a economia brasileira entrou na dita “recessão técnica”. “As quedas são pequenas, mas o sinal é negativo”, revelou um espadachim da burguesia. Outra espadachim reforçou: “é um cenário muito ruim, de estagnação. Perdemos fôlego de forma muito rápida na saída da pandemia”.
Neste final de ano não há propaganda (ou delírio) governamental que possa esconder a realidade. O crescimento em torno de 4,5%, esperado para este ano, é só uma reposição da violenta recessão da pandemia, em 2020. Essa recuperação de curto prazo, cíclica, do capital apenas nos levou de volta, em piores condições, com contradições agravadas, à estagnação estrutural na qual a economia brasileira se encontra na última década. Conjuntura que tem deteriorado profundamente as condições de vida das massas trabalhadoras e possibilitado uma imensa ofensiva da classe burguesa, até o momento, bem sucedida.
Nesta publicação fazemos um panorama do retorno à estagnação econômica no Brasil, enfatizando seus impactos na situação das classes trabalhadoras e na luta de classes.
Estagflação = estagnação econômica + inflação alta
Após a brutal recessão de 2014 a 2016, a economia brasileira nunca mais se recuperou. Em termos de PIB per capita, apenas na década de 2030 há a previsão de retornar ao nível de 2013. Isso porque aquela crise, além de uma grande recessão, também provocou forte rebaixamento da tendência de crescimento da economia. Em três anos de recessão (2014-16) a economia despencou 11%. Nos três anos seguintes (2017-19) o crescimento anual foi de 1,5% (ver gráfico abaixo). Ou seja, trata-se de uma estagnação, com inúmeros indicadores se consolidando em um patamar mais rebaixado, com perdas permanentes. Um exemplo claro é da produção industrial, cujo nível hoje está 20% abaixo do pico atingido dez anos atrás. leia mais