Portugal 1974: Liquidação das conquistas democráticas
Neste 25 de abril em Portugal, há precisamente 48 anos, irrompia a Revolução dos Cravos. Finalmente a ditadura de Salazar que vigorava desde 1933 fora derrubada.
A seguir o CVM publica uma análise de Ernesto Martins (Érico Sachs) sobre este momento histórico, escrita originalmente para a Revista Marxismo Militante Nº 2 exterior em fevereiro de 1976. (CVM)
Ernesto Martins (Érico Sachs) – Fevereiro de 1976
O Segundo Pacto, concluído entre militares e representantes dos partidos políticos, deverá marcar a volta de Portugal a um regime democrático-parlamentar burguês. Embora os militares resguardassem o direito de intervenção política nos próximos quatro anos, o princípio da divisão dos poderes e o acesso dos políticos ao governo foram garantidos pelo Pacto.
Estamos em plena fase de liquidação das conquistas revolucionárias do movimento desencadeado pelo 25 de Abril. O marco visível para o declínio do processo revolucionário foi o 25 de novembro do ano passado, a fracassada rebelião dos paraquedistas. Representou, entretanto, somente um marco externo, pois de outro modo não seria compreensível a relativamente fácil vitória da reação. Desde agosto, pelo menos, as forças revolucionárias e a esquerda em geral se encontram na defensiva. Apesar de ter havido contra-ataques e do movimento de polarização no seio da própria esquerda, todos os sucessos momentâneos, aparentes ou reais, não conseguiram anular a tendência geral da ofensiva das forças da direita.
Não pretendemos aqui reconstruir essa evolução em todos os seus detalhes. Nos limitaremos a destacar os seus pontos altos, que permitem uma compreensão melhor da situação atual e uma avaliação das perspectivas. leia mais