A “Mensagem” de Marx e Engels (1850) e a afirmação da autonomia proletária.
Do portal do Cem Flores – 30/11/2020
Apresentamos aos camaradas e leitores do Cem Flores a Mensagem da Direção Central à Liga dos Comunistas, escrita por Marx e Engels em 1850. Consideramos o texto de extrema atualidade e muito útil ao combate às posições socialdemocratas, reformistas e oportunistas, tão em voga na “esquerda” ordeira e comportada dos tempos atuais, principalmente em época de eleições.
Em 1850 os dois grandes dirigentes comunistas avaliavam a possibilidade de uma retomada do ascenso proletário na luta de classes após os gigantescos combates de 1848-49. Nessa mensagem, uma verdadeira orientação geral à linha que os comunistas deveriam adotar, a afirmação central era clara: “estabelecer a autonomia do proletariado”, num quadro em que “o partido operário (…) caiu inteiramente sob o domínio e a direção dos democratas pequeno-burgueses”. O partido na Alemanha (citado na Mensagem), tendo participado diretamente dos movimentos revolucionários de 1848-49, “acreditou que passara o tempo das sociedades secretas e que bastava a ação pública”.
A solução então, clara e objetiva, indicada por Marx e Engels, era: “o partido operário deve, portanto, apresentar-se o mais organizado, o mais unânime e o mais autónomo possível, para não ser outra vez, como em 1848, explorado e posto a reboque pela burguesia”.
A Mensagem deixava claro qual era a posição da pequena-burguesia democrata e seu partido naquela conjuntura (algo extremamente atual ao ver a posição dos autodenominados partidos de esquerda):
“Os pequeno-burgueses democratas, muito longe de pretenderem revolver toda a sociedade em benefício dos proletários revolucionários, aspiram a uma alteração das condições sociais que lhes torne tão suportável e cómoda quanto possível a sociedade existente. Por isso reclamam, antes de tudo, a diminuição das despesas públicas mediante a limitação da burocracia e a transferência dos principais impostos para os grandes proprietários fundiários e grandes burgueses. Reclamam, além disso, a abolição da pressão do grande capital sobre o pequeno, por meio de instituições públicas de crédito e de leis contra a usura que lhes tornassem possível, a eles e aos camponeses, obter em condições favoráveis adiantamentos do Estado em vez de os obterem dos capitalistas”.
E para os operários, os pequeno-burgueses indicam (como fazem até hoje!), um programa social qualquer ou algo parecido:
“(…) que os operários tenham melhor salário e uma existência mais assegurada; esperam eles conseguir isto [confiando], em parte, ao Estado a ocupação dos operários e através de medidas de beneficência; numa palavra, esperam subornar os operários com esmolas mais ou menos disfarçadas e quebrar a sua força revolucionária tornando-lhes momentaneamente suportável a sua situação”.
Marx e Engels afirmavam a diferença absoluta, sem solução, entre a posição proletária e a pequeno-burguesa: “Para nós não pode tratar-se da transformação da propriedade privada, mas apenas do seu aniquilamento, não pode tratar-se de encobrir oposições de classes mas de suprimir as classes, nem de aperfeiçoar a sociedade existente, mas de fundar uma nova”.
Criticando a união subordinada do proletariado, a reboque, da pequena-burguesia, os dois dirigentes comunistas afirmavam a linha clara de construção e afirmação da posição proletária autônoma junto às massas revolucionárias:
“Em vez de condescender uma vez mais em servir de claque dos democratas burgueses, os operários, principalmente a Liga, têm de trabalhar para constituir, ao lado dos democratas oficiais, uma organização do partido operário, autónoma, secreta e pública, e para fazer de cada comunidade o centro e o núcleo de agrupamentos operários, nos quais a posição e os interesses do proletariado sejam discutidos independentemente das influências burguesas”. leia mais