As eleições municipais de 2020 e os desafios para a luta de classe dos trabalhadores (versão resumida)

(atualizado em 17/12/2020)

 

As eleições municipais no Brasil se concluíram em 29 de novembro passado. O balanço geral a ser feito a respeito do sentido geral do processo ocorrido em 5.570 municípios brasileiros pode ser resumido na frase “a democracia burguesa se fortaleceu”, ou seja, a forma direta e velada da ditadura da burguesia.

As eleições municipais neste ano de 2020 serviram para testar a força relativa de cada um dos partidos em disputa pelo voto para o verdadeiro processo a acontecer em 2022. O teste consagrou os partidos de direita (DEM, PP, PSD, MDB, PSDB), situados no centro do espectro político-partidário. A vitória das agremiações partidárias de centro-direita deixa claro o fato de que a burguesia, em situações normais, não precisa de um único partido. Aliás, quando sua ordem se encontra sob ameaça, costuma apelar para o seu “partido único”, a saber, as Forças Armadas.

Os candidatos apoiados diretamente por Bolsonaro, foram derrotados em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belém mais notavelmente em São Paulo, onde Celso Russomano, do partido Republicanos, ficou em quarto lugar, com apenas 10,5% dos votos válidos. O apoio dado por Bolsonaro identifica-o com a derrota dos candidatos e o bolsonarismo sofreu, assim, um revés eleitoral. Em que pese a dificuldade de Bolsonaro articular a “Aliança para o Brasil” no decorrer do processo eleitoral há de se destacar o fato de que vários candidatos inscritos em legendas de direita e extrema-direita como Republicanos, PSL, Patriota e Avante conseguiram expressiva votação e vitórias que poderão no futuro vir a nuclear a Aliança bolsonarista.

A assim chamada esquerda pela mídia burguesa (PT, PDT, PCdoB, PSOL) enfraqueceu-se eleitoralmente. Não resta a menor dúvida de que o PT foi o maior derrotado eleitoralmente em 2020. Não elegeu nenhum prefeito nas capitais e obteve menor número de prefeituras e de vereadores inferior inclusive à eleição de 2004.

Que desafios este processo e seus resultados colocam para atuação das forças interessadas na emancipação do trabalho do jugo do capital?

A educação política dos trabalhadores supõe o aprendizado próprio nas lutas em torno de suas reivindicações, com métodos, organização e mobilização independente e oposta aos interesses da burguesia e suas instituições. Dada a inexistência de forças e de candidaturas que sejam a expressão deste processo de luta pela independência de classe, a participação eleitoral para o executivo deve ser recusada, supondo apenas o apoio a eventuais candidaturas aos legislativos municipais voltadas para a denúncia das condições de exploração e de opressão em que vivem os trabalhadores. Uma das tarefas mais importantes é a de combater as ilusões constitucionalistas e eleitoreiras da pequena-burguesia dominante nas esquerdas de todos os matizes, que inclusive influenciam os operários cuja ação se pauta, em outras esferas de luta, pela organização independente dos trabalhadores.

O contexto de uma possível segunda onda da pandemia, pautada nas disputas pré-eleitorais entre Doria (PSDB) e o presidente Jair Bolsonaro, tende a obscurecer e a deixar em segundo plano o avanço das reformas exigidas pelo capital após as eleições. Contra as quais terão de se voltar os trabalhadores, na medida de sua resistência à exploração capitalista.

 

Coletivo do CVM, 04/12/2020 

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