Não é combate à corrupção, é a burguesia avançando no ataque a classe trabalhadora

INTERSINDICAL – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora

 

A decretação da prisão de Lula, o ataque a caravana do PT não é combate a corrupção. É a ação do Capital que depois de se utilizar do PT, mais que impor outro gerente na máquina do Estado, busca atacar as Organizações que não se curvaram aos seus interesses.

 Estado nessa sociedade capitalista terá a forma de governo que melhor convier aos interesses burgueses, a história recente do Brasil mostra isso, quando lhe foi útil a burguesia mais do que apoiar, financiou um golpe militar que prendeu, torturou e matou centenas de trabalhadores.

E mesmo sob um regime democrático avançou na exploração contra os trabalhadores. Com Collor a ampliação do desmonte do serviço público, com FHC além da ampliação das privatizações, reforma da Previdência e várias mudanças na legislação que tiveram como resultado a redução de direitos e o rebaixamento salarial da classe trabalhadora.

Com o PT, a burguesia conseguiu o pacto para frear a luta dos trabalhadores: o PT, Partido que nasceu da luta dos trabalhadores, mais do que rebaixar seu programa, mostrou para a burguesia que estava pronto para um pacto com o Capital, o que significou mais de uma década de fragmentação da luta da classe trabalhadora.

O verdadeiro crime de Lula: aceito pela burguesia, o PT se mostrou um bom gerente na máquina do Estado para atender os interesses das indústrias, bancos, agronegócio, construção civil entre tantos outros setores econômicos. Enquanto o Capital se fartava com seus lucros, a desigualdade se manteve, a burguesia permitiu a distribuição de algumas migalhas para parte de nossa classe que nada tinha e o pleno emprego tão propagandeado não veio acompanhado da melhora das condições de trabalho e tão pouco significou recuperação real das perdas salariais.

Para o Estado burguês, a política de pacto com o Capital mais do que não ser crime, é dever de quem está na direção do Executivo. O PT subserviente, cumpriu a tarefa que lhe foi dada, garantir as condições de maior exploração para o Capital e o apassivamento da luta da classe trabalhadora.

A burguesia usou e mais do que jogar fora o PT, quer atacar as Organizações que não se curvam aos seus interesses.

Os oriundos da burguesia, como Aécio Neves /PSDB, Michel Temer, Renan Calheiros/MDB e tantos outros membros do governo e do Congresso Nacional têm contra eles várias denúncias com provas materiais de corrupção, mas continuam livres.

Pois, o Judiciário, braço do Estado, à serviço da pauta da burguesia garantiu o tratamento seletivo nos processos de corrupção, acelerou ao máximo os processos contra os membros do PT, com destaque para Lula, para os demais a morosidade da lei. É o mesmo Judiciário que encarcera filhos de nossa classe sem o devido julgamento, o mesmo Judiciário que mantém impunes aqueles que servem com excelência aos interesses capitalistas.

Enquanto os pretensos guardiões da ética e do combate a corrupção no Ministério Público têm como meta trazer de volta aos cofres públicos aproximadamente R$ 10 bilhões, nada falam dos mais de R$ 300 bilhões que não entrarão nos mesmos cofres públicos por conta da isenções e renúncias fiscais para o Capital, aplicadas pelo governo. Essa mesma política foi aplicada pelo governo do PT, mas não servindo mais a burguesia, o Judiciário foi liberado para transformar essa ação em prática de tráfico de influência do governo para beneficiar com uma Medida Provisória que garantia isenções fiscais para as montadoras.

Em todos esses momentos, os meios de comunicação do Capital estão a postos para defender os interesses burgueses, como se fossem interesses universais. Travestem de combate a corrupção essas ações do Judiciário, travestiram de combate ao desemprego, a reforma trabalhista, travestiram de cuidados com os gastos do Estado, a PEC que piorou ainda mais o acesso à saúde, educação, Previdência, saneamento.

E o braço armado do Estado escancara o saudosismo de seu governo de torturas e assassinatos contra os que lutam.

Na véspera do julgamento do habeas corpus de Lula, o comandante do Exército, o general Eduardo Villas Boas, afirma “compartilhar os anseios dos cidadãos de bem e que o Exército se mantém atento às suas missões”, a declaração tenta esconder sua real intenção, saudar o tempo em que os militares na gerência da máquina do Estado torturaram e mataram centenas de trabalhadores que se colocaram em luta contra a ditadura financiada pela burguesia. Ao mesmo tempo em que matava parte de nossa classe, garantiu ao Capital, as condições de maior exploração contra o conjunto dos trabalhadores.


NENHUM CORO COM A BURGUESIA, NENHUMA CAPITULAÇÃO À CONCILIAÇÃO DE CLASSES

A burguesia permite que sua direita fascista destile seu ódio de classe nas ruas, não para combater a corrupção e mais do que atacar o PT, o que querem é atacar as Organizações que não se submeteram a conciliação de classes, que seguem em luta contra o Capital e seus instrumentos de opressão.

Portanto muito mais do que não fazer coro a esse discurso mentiroso e hipócrita de combate a corrupção, estamos em combate contra esses pretensos movimentos que na realidade são instrumentos a serviço da burguesia.

Também não nos submetemos ao chamamento de uma unidade, que tanto o PT, como as Organizações e Partidos satélites reunidos na mesma Frente tem como objetivo principal levar a ilusão de que somente as eleições, a troca de quem senta na cadeira de gerente da máquina do Estado vai resolver os problemas da classe trabalhadora.

A nossa história, é a história de nossas lutas, a pouco mais de 50 anos lutamos contra um governo militar, garantimos o direito de votar e mais do que isso enfrentamos o Capital com a força das greves que garantiram direitos e construímos instrumentos de luta e organização da classe. Esses instrumentos se distanciarem do objetivo para o qual foram criados, mas essa derrota não é capaz de acabar com nossa capacidade de resistência, coerência e luta.

Portanto nesse duro e sombrio momento em que vivemos, a clareza vem de olhar para a nossa própria história e ver que a unidade necessária é a unidade da classe trabalhadora para fortalecer a luta em cada local em que estamos, no trabalho, nas ruas e escolas, combatendo os ataques do Capital e de seu Estado que querem exterminar direitos piorando as condições de vida e trabalho e aumentando a exploração e opressão ao conjunto da nossa classe. É nessa luta e unidade que estamos empenhados.

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