A respeito do lay off na Mercedes Benz: uma matéria e um comentário crítico
Agência Brasil, 13/11/12
Mercedez-Benz e Sindicato dos Metalúrgicos entram em acordo e contratos de 484 trabalhadores são prorrogados
Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Após negociações com representantes dos trabalhadores, a Mercedes-Benz decidiu prorrogar os contratos de 484 trabalhadores da empresa em São Bernardo do Campo (SP). A informação foi divulgada hoje (12), à tarde, pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e confirmada à Agência Brasil pela empresa.
Segundo a Mercedes-Benz, os contratos desses trabalhadores eram temporários, com prazo até 18 de novembro, e serão prorrogados até o dia 31 de março do ano que vem. A prorrogação, de acordo com a empresa, foi para manter a mão de obra até 2013, quando há expectativa de uma melhora no mercado de veículos comerciais.
O sindicato informou que a proposta foi aprovada por unanimidade em assembleia ocorrida hoje. Como contrapartida, os 484 trabalhadores vão abrir mão da segunda parcela da participação nos lucros e resultados (PLR).
Desde junho deste ano, os trabalhadores estavam afastados das atividades da empresa por prazo determinado, recebendo uma remuneração composta por bolsa de estudos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e uma complementação da Mercedes-Benz. Mesmo sem prazo para voltar ao trabalho, eles vão receber o salário integralmente até março. Segundo o sindicato, mais mil trabalhadores seguem afastados e em curso até o dia 31 de janeiro de 2013. A expectativa do sindicato é que o mercado comece a reagir e retome a produção no primeiro trimestre de 2013.
Este ano, o setor de caminhões sofreu uma diminuição na produção e nas vendas, principalmente por causa da crise internacional. Com isso, a Mercedes-Benz anunciou um excedente de mão de obra. Cerca de 1,5 mil trabalhadores tiveram então seus contratos suspensos entre 18 de julho e 18 de novembro. Eles foram afastados do trabalho e tiveram de fazer cursos de qualificação profissional. Em setembro, os contratos dos trabalhadores efetivos foram renovados até o fim de 2013, mas com salários congelados.
Comentário:
Na quarta-feira, 07/11, a empresa distribuiu cartas de demissão para os 484 trabalhadores de contrato temporário que integram os 1.400 em lay off. No mesmo dia, à tarde, os operários paralisaram um dos prédios (montagem de ônibus). O sindicato convocou assembléia, na sede, quinta-feira, apenas para os 484 “de contrato”. No entanto, compareceram 1.200 trabalhadores, quase todos que estão em lay off. A situação ficou mais radicalizada, pois em setembro, após uma assembleia que reuniu 7 mil trabalhadores nas ruas em frente ao sindicato, foi firmado acordo com a empresa de estabilidade para todos (ativos e em lay off) até 31 de janeiro de 2013 com a suspensão da aplicação do aumento salarial pela data-base a partir de 1º de setembro. Na manhã de sexta-feira, 09/11, assembleia na porta da empresa, a expectativa de muitos trabalhadores era pela paralisação da fábrica, mas o sindicato entrou para negociar com o desfecho indicado na matéria da Agência Brasil, acima publicada.
Tanto a paralisação do turno da tarde (montagem de ônibus) quanto o comparecimento massivo à assembleia apontam para a possibilidade de aumento do enfrentamento, restringindo as ações de colaboração de classes encaminhadas pela direção do sindicato.
Vicente
Nota do editor: Lay off é um termo de língua inglesa que significa suspensão temporária do contrato de trabalho.