Posição de sindicalistas sobre a “afronta da bancada do patronato”: cortina de fumaça nos olhos dos trabalhadores

Coletivo CVM

 

A propósito da matéria sobre o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) publicada originalmente no blog Cem Flores e reproduzida neste portal vale fazer alguns comentários a respeito das “veementes” declarações de sindicalistas da CUT e deputados do PT contra o “ataque à garantias trabalhistas” introduzido pela Medida Provisória 680/15.

Durante os debates que conduziram à aprovação, na Comissão Mista da Câmara e do Senado, desta Medida Provisória conhecida pelo nome de Programa de Proteção ao Emprego (PPE), na qual consta o princípio de que a negociação em acordo coletivo prevaleça sobre a determinação legal (leia-se Consolidação das Leis do Trabalho – CLT), o deputado Vicente Paulo da Silva (PT-SP) enviou mensagem aos dirigentes sindicais da CUT e da Força Sindical advertindo-os para a possível votação em plenário consolidar o que ele denominou de “afronta da bancada do patronato contra os trabalhadores”.

A reação dos sindicalistas foi imediata. Rafael Marques, presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, declarou: “Somos inteiramente contrários à inclusão do conceito de que o negociado vale sobre o legislado nesse contexto do PPE”. Acrescentou: “O que essa comissão aprovou representa uma agressão frontal ao próprio PPE, que poderá ser descaracterizado, além de deixar escancarada a porta para novos ataques a todas as garantias trabalhistas já obtidas”.

O que há de verdadeiro nessas declarações de Vicentinho e Rafael Marques? Apenas o fato de que faz parte do texto da MP aprovada na comissão mista o artigo estabelecendo o predomínio do negociado sobre o legislado. Como sindicalistas que não podem voltar as costas para suas próprias bases sem serem acusados de traidores, eles tem de ser contra uma lei na qual venha se permitir, além de reduzir salários para (supostamente) manter o emprego, tirar direitos assegurados.  Não quer dizer que sejam contra isso “em geral”. leia mais

Programa de Proteção ao Emprego (sic): caminho para novas formas de exploração da classe operária com o apoio da CUT e do sindicato dos metalúrgicos do ABC

do blog Cem Flores

 

O Congresso Nacional aprovou o chamado Programa de Proteção ao Emprego –PPE, instituído pelo governo Dilma/PT.

O que vamos mostrar nesse artigo é que, apesar do nome, o PPE não constitui política para proteger o emprego, nem mesmo o dos trabalhadores das empresas que entram no programa.

O PPE representa sim a abertura para novas formas de intensificação da exploração da classe operária pela burguesia, sancionada pelo Estado burguês sob a direção do PT e com o aval do sindicalismo pelego, para fazer retroceder a posição da classe operária na luta de classes.

O PPE avança novas formas de intensificação da exploração do trabalhador pelos capitalistas que se projetam para além da situação imediata, setorial ou local. Também ensaia o Acordo Coletivo Especial – ACE, projeto do sindicato dos metalúrgicos do ABC e da CUT que faz o negociado prevalecer sobre o legislado, ou seja, flexibiliza a legislação trabalhista para cortar direitos conquistados pelos trabalhadores.

Os dirigentes desse sindicato têm se destacado em forçar os operários de sua base a aceitar o PPE, entre outras perdas salariais e de suas condições de trabalho, supostamente em troca da dita proteção do emprego ou da estabilidade prometida pelas montadoras de veículos. Esses acordos efetivam o uso simultâneo do PPE com o layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho)[1] e o programa de demissão voluntária (PDV), ou seja, coação que mantém a demissão e o terror do desemprego sobre os trabalhadores. Em lugar de resistir o sindicato reforça a ofensiva burguesa contra a classe operária se dá no atual cenário de grave crise econômica, com enorme aumento das demissões, reduções de salários e expansão das formas de trabalho sem carteira assinada. leia mais

Crise Capitalista, Aumento do Desemprego e Arrocho Salarial: a Única Saída para a Classe Operária é a sua Luta!

do blog Cem Flores

O capitalismo brasileiro vive mais uma séria crise econômica. Essa crise, que ainda não chegou nem na sua metade, já é a mais grave em quase um quarto de século, desde o mal fadado governo Collor. Após se arrastar por alguns anos, a crise do capital no Brasil se tornou aberta com a recessão iniciada em 2014, que se agravou tremendamente neste ano e vai permanecer, pelo menos, até o próximo ano.

Numa crise capitalista, a burguesia se vê impossibilitada de seguir adiante com as mesmas condições anteriores de produção, ou seja, não consegue mais realizar sua taxa de lucro esperada. Para buscar contrarrestar essa queda nos seus lucros, a burguesia luta para aumentar de todos os modos a exploração sobre a classe operária e demais classes dominadas. Com o fundamental auxílio do Estado burguês (qualquer que seja o governo de plantão), a ofensiva da burguesia na luta de classes em períodos de crise se dá sob a forma de demissões em massa, cortes de salários, revisão de conquistas trabalhistas e outros diversos tipos de precarização do trabalho, além de ameaças e chantagens cotidianas. Com isso, a burguesia busca, por um lado, repor, de imediato, sua taxa de lucro, com a redução dos seus gastos com a força de trabalho. Por outro lado (e não menos importante), a burguesia busca fazer retroceder a posição da classe operária na luta de classes de forma mais perene, mediante o aumento do exército industrial de reserva, o rebaixamento dos salários e das condições de vida das massas trabalhadoras.

Boletim de Conjuntura Nacional Nº 11: A crise de Agosto de 2015

Coletivo CVM

 

O momento político atual

A situação nacional desde o final de 2014 configura-se como uma crise política em marcha, potencializada por uma crise econômica. A oposição burguesa, liderada pelo PSDB, assumiu abertamente defesa do impeachment (Aécio Neves) ou a renúncia do governo Dilma-Temer (Fernando Henrique Cardoso). Em agosto do corrente ano, a crise assumiu proporções críticas, com as ações do Tribunal de Contas da União e do Tribunal Superior Eleitoral contra o governo. A falta de unidade dos representantes políticos da oposição, agora incluída na base de apoio do governo Dilma, isto é, no PMDB, inviabilizou a derrubada “legal” do governo e propiciou a primeira manifestação aberta da burguesia em favor da estabilidade e de aceitação dos resultados da eleição presidencial. Permanece o problema de um novo acordo político capaz de dar sustentação parlamentar ao governo. Devemos, portanto, ainda caracterizar essa situação nos termos de um jogo de soma zero ou nula porque inexiste uma força política capaz de superá-la imediatamente.

Lembremos, resumidamente, os fatos. A decisão de Dilma Roussef de entregar o comando da política pública, em janeiro de 2015, para Joaquim Levy, expressou o esgotamento da política econômica denominada “anticíclica” praticada desde 2011, de desoneração da folha de pagamentos das empresas, controle de preços administrados e oferta de crédito a juros baixos, substituindo-a por uma conservadora, de aumento da taxa de juros, liberação dos preços administrados, contenção do gasto público e redução de benefícios assegurados por direitos, a exemplo do seguro-desemprego. Esta nova política precipitou a recessão econômica e fez a inflação disparar, com as inevitáveis consequências do desemprego e rebaixamento dos salários. Advirta-se logo que a mudança na política econômica não alterou o bloco das classes no poder do estado burguês.

Esta virada da política econômica, por sua vez, acentuou a perda das bases de apoio social que caracterizou o governo Dilma a partir dos protestos de junho de 2013. Desde então a pequena-burguesia entrou na cena política para demonstrar, com seu descontentamento, que o projeto do PT (de Lula) estava esgotado. Quando a “Operação Lava-Jato” se aproximou do governo Dilma, sob intenso foco da mídia burguesa, o cerco assumiu contornos de um movimento pelo impedimento da presidente, no qual se fizeram ouvir ecos da direita golpista. Imersas numa situação defensiva, os trabalhadores não se contrapuseram a este cerco político.

Como os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado tornaram-se alvos da Operação, a crise tornou-se abertamente política e o cenário, como assinalamos em Fatos & Crítica Nº3,  passou a ser marcado pela balbúrdia entre os porta-vozes das classes dominantes.

A crise, em agosto, parecia então conduzir à queda da presidente, por meio do impedimento de seu mandato tanto pela denúncia de abuso do poder, fraude e corrupção proposta pelo PSDB e coligação derrotada na eleição presidencial do ano passado e aceita pelo Tribunal Superior Eleitoral, como pela arguição do Tribunal de Contas da União de irresponsabilidade fiscal nos gastos públicos realizados em 2014.

Entretanto, a burguesia entrou na cena política por meio das federações das indústrias de São Paulo e do Rio de Janeiro e do presidente do Banco Bradesco em apoio o governo de Dilma para assegurar a “estabilidade dos negócios”. Assim, a pauta burguesa confrontou-se com a pauta conservadora e parcialmente contraditória dos principais políticos ameaçados, Renan e Cunha e de seus aliados na oposição. leia mais

Boletim de Conjuntura Internacional Nº 1: Crise mundial e movimentos geopolíticos atuais

Coletivo CVM

 

O espectro de uma nova crise internacional, a primeira após 2008, começou novamente a assustar o mundo. O decréscimo do crescimento chinês e as fortes desvalorizações de suas bolsas abalaram o mercado de capitais nas últimas semanas em todas as principais praças do planeta. A esse cenário, se agregam também as previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre tendências de declínio, tanto da economia chinesa, quanto também da economia americana, apesar de esta última ter crescido 3,7% (em base anual) no segundo trimestre. Ou seja, os dois principais motores da economia mundial dão indícios de fadiga.

Ainda que a Europa e o Japão apresentem atualmente sinais de recuperação econômica, depois de um longo período de recessão e estagnação, o peso das economias americana e chinesa no mundo é suficiente para que os seus problemas venham a se refletir em todos os demais países, desenvolvidos ou não. leia mais