A onda conservadora

Guilherme Boulos 
na FSP, 09/10/2014

 

 

O último domingo revelou eleitoralmente um fenômeno que já se observava ao menos desde 2013 na política brasileira: a ascensão de uma onda conservadora. Conservadora não no sentido de manter o que está aí, mas no pior viés do conservadorismo político, econômico e moral. Uma virada à direita.

Talvez, o recente período democrático brasileiro não tenha presenciado ainda um Congresso tão atrasado como o que foi agora eleito. O que já era ruim ficará ainda pior. O pântano de partidos intermediários, cujo único programa é o fisiologismo, cresceu consideravelmente. A bancada da bala e os evangélicos fundamentalistas tiveram votações expressivas em vários Estados do país.

O deputado mais votado no Rio Grande do Sul foi Luis Carlos Heinze, que recentemente defendeu a formação de milícias rurais para exterminar indígenas. No Pará, foi o delegado Eder Mauro. Em Goiás, o delegado Waldir, com um pitoresco mote de campanha que associava seu número (4500) com “45 do calibre e 00 da algema”. No Ceará foi Moroni Torgan, ex-delegado e direitista contumaz. No Rio de Janeiro, ninguém menos que Jair Bolsonaro, que há muito deveria estar preso e cassado por apologia ao crime de tortura. leia mais

A Ucrânia na zona de tensão entre a Rússia e o ocidente

Lothar Wentzel

algumas semanas as armas silenciaram no Leste da Ucrânia. Na Bielorrússia as partes em conflito negociam sobre o futuro da Ucrânia. O processo está em aberto. Entretanto, pode-se tentar elaborar um primeiro balanço parcial do conflito.

A queda da União Soviética foi uma das grandes catástrofes políticas do final do século XX. O Partido Comunista estava tão esgotado, que não tinha mais condições de controlar o processo político. Ao contrário da China, onde o antigo Partido Comunista promove a conversão planejada do país ao capitalismo, e assim ao menos preserva os interesses nacionais, a União Soviética afundou no caos. Um populista incapaz e alcoólatra à frente do governo – Boris Yeltsin – fortaleceu ainda mais esse processo. leia mais

Notas sobre a conjuntura da luta de classes e as eleições de 2014

BLOG MARXISMO21 – DOSSIÊ ESQUERDAS, ELEIÇÕES E TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS DA SOCIEDADE BRASILEIRA – setembro de 2014

 

Coletivo Cem Flores

 

O Coletivo do Blog Cem Flores (http://cemflores.blogspot.com.br/) saúda a iniciativa dos camaradas do Blog marxismo21 de incentivar o debate das transformações estruturais da sociedade brasileira e as eleições entre a diversidade de posições presentes pelo largo espectro político e ideológico das esquerdas. Nossa contribuição segue o roteiro sugerido por marxismo21.

 1. O projeto de governo hegemonizado pelo PT teria se esgotado?

Uma resposta a este questionamento, em nosso entendimento, deve analisar as diferentes perspectivas das classes sociais na conjuntura da luta de classes no Brasil.

Os movimentos grevistas dos trabalhadores nos últimos anos e a repressão desencadeada pelas classes dominantes por meio do Estado burguês colocam em questão a eficácia ideológica da política de conciliação de classes praticada pelos governos Lula/Dilma e do PT. O questionamento à essa ideologia de conciliação de classes é um processo em curso na atual conjuntura e marca especialmente a experiência de núcleos e militantes mais avançados da classe operária e dos trabalhadores, de um lado; e setores da burguesia e da pequena burguesia, de outro. leia mais

Boletim de Conjuntura Nacional Nº 6 – setembro de 2014

Por que o trabalhador consciente vota nulo?

As eleições brasileiras de 2014 serão realizadas em um quadro de dificuldades para o capitalismo no país e no mundo.  No Brasil, a economia está estagnada, a indústria decresce, o desemprego começa a aumentar, a inflação mantém-se e o país é cada vez mais deficitário em suas trocas econômicas com o exterior, só fechando as contas porque o volume de capitais que chega ao país ainda é suficiente.  Numa situação dessas, não é difícil prever que, em 2015, o desemprego aumentará ainda mais e a burguesia tentará de todas as formas retomar os seus lucros, avançando sobre os salários dos trabalhadores e sobre os seus direitos conquistados historicamente.

E o que têm a dizer Dilma, Marina e Aécio sobre isso? Todos os três prometem manter o chamado “tripé macroeconômico”: a política de superávits fiscais para pagar os juros da dívida externa, as metas de inflação garantidas por juros elevados e o câmbio flutuante, que dá liberdade para a entrada e saída de capitais do país. Ou seja, nenhum dos três ousa questionar a hegemonia que o capital financeiro possui no bloco de poder: são farinha do mesmo saco e não devemos esperar desses candidatos nenhuma atitude que beneficie os trabalhadores, se ela vier a se chocar com o citado “tripé”. leia mais

Estratégia ou tática, reforma ou revolução: A questão das eleições do ponto de vista dos primeiros Congressos da Internacional Comunista (1919-1922)

CVM

 

No momento em que as esquerdas brasileiras também se voltam para pensar, debater e participar do processo eleitoral que acontecerá em outubro de 2014 é de grande importância refletir e discutir as teses e declarações dos primeiros congressos da Internacional Comunista. É importante ter em mente que os congressos, realizados entre 1919 e 1922, assumiram posições sobre a tática eleitoral numa época revolucionária.

A Internacional Comunista foi a iniciativa dos partidos revolucionários da classe operária tomada em Moscou, no período de 2 a 6 de março de 1919,  com o objetivo de romper com a política de colaboração de classes e de traição aberta, durante a I Guerra Mundial (1914-1918), adotada pela social-democracia, à frente da qual se encontrava a maior organização política de massas do mundo, o partido social-democrata alemão, sob a liderança de Karl Kautsky, August Bebel e outros. Para diferenciar-se dos social-patriotas, organizados na II Internacional, autodenominarem-se III Internacional e abandonaram a social-democracia como denominação ideológica, substituindo-a pela de comunismo. leia mais