Velho Chico – um sabor de vida e corte

Eduardo Stotz
Encontraponto – 11/10/2024

 

Uma extensa matéria com o título “O sumiço das águas”, publicada em 03.10.2024 no portal da Comissão Pastoral da Terra – Bahia, chama atenção pela cuidadosa análise da crise dramática atravessada pelas populações humanas e não humanas na região do Médio São Francisco. O resumo é bastante claro: “Polo agroindustrial, seca relâmpago e crise climática estão sugando as águas dos rios São Francisco e Grande.”

Cada novo empreendimento capitalista semelhante aos apresentados na matéria da CPT-Ba, retira mais vida ao rio e acelera sua degradação. A minha contribuição para a luta contra o latifúndio do Agronegócio aqui no Encontraponto constitui o relato da navegação pelo São Francisco a partir de Brejo Grande na direção da foz no Atlântico. É o texto que disponibilizamos a seguir no blog.

 

VELHO CHICO: UM SABOR DE VIDA E CORTE

 

Os rios, de tudo o que existe vivo,
vivem a vida mais definida e clara;
para os rios, viver vale se definir
e definir viver com a língua da água.

Os rios de um dia (A educação pela pedra), de João Cabral de Melo Neto

 

Para Anne, Eduardo, Lucas, Márcio e a tripulação da catamarã ‘Vaza-Barris’

 

1.

Olho para as imagens fotográficas desta viagem. São belas, sem dúvida. Porém são apenas imagens, instantâneos que jamais poderão transmitir força, beleza ou mal-estar, sentimentos que se podem sentir num percurso que vai do sonho à realidade. Não, melhor deixar que a memória percorra os caminhos ondulados daquela paisagem litorânea, praticamente ocupada pelos homens e mulheres que dela precisam, seja para arrancar sustento, seja para o lucro, conforme os tamanhos e as acumulações. Lembrar então aqueles momentos que impressionaram, a exemplo da violência tresloucada do trânsito rodoviário entre Aracaju e Maceió. Inclinado sobre a tela do computador, relembro, sem as palpitações cardíacas de um observador participante da jornada, cenas de ultrapassagem veloz sem visibilidade, carretas enormes lançando fumaça pela estrada esburacada, sem sinalização, completamente abandonada pela administração federal, a ponto de avistar, nas proximidades de Carmópolis ou de General Mayard, não sei ao certo, a carcaça de uma rês, tempo se vai desde a morte daquele animal, pensei. As nuvens baixas, as chuvas esparsas e as chaminés das indústrias de fertilizantes para onde se dirigia uma parte ponderável daquele comboio sinistro tornaram a viagem tão lúgubre quanto perigosa.

Foi grande o alívio que inicialmente Márcia e eu sentimos, por estarmos ao lado do motorista, quando este manobrou o volante para abandonar a via principal e rodar numa via secundária, praticamente vazia de trânsito. O fim do silêncio entre os passageiros exprimia a desopressão geral. A partir daí até as mesmas as ondulações do terreno avistadas da janela pareceram-nos mais belas. Fazendas cercadas de pés de algaroba – uma árvore capaz de fornecer ao gado uma vagem comestível em tempos de seca – deram lugar, nas proximidades do município, a sítios pobres em plantio e construções. A penúria caracterizava também a vestimenta dos transeuntes.

Finalmente alcançamos o nosso destino, a cidade de Brejo Grande, às margens do Velho Chico, nome herdado de Américo Vespúcio, mas Opara para os índios Caeté. O casario contíguo rente à calçada e a rua estreita de paralelepípedos abre-se ao visitante numa praça sob a proteção de uma imagem de Padre Cícero mas, logo a seguir, estreita-se novamente. Numa volta, eis que topamos com um grupo de citadinos na faina do ensacamento do arroz em plena rua! De onde vinham esses grãos de arroz secados desta forma inusitada, soubemos depois.

Logo após nos espreguiçar um pouco, nos dirigimos à embarcação e ali, ao invés do barco, a primeira coisa que avistamos foram as lavadeiras, fato comum a repetir-se adiante, nos atracadouros de Piaçabuçu, cidade alagoana de 15 mil habitantes.

A bordo do catamarã ‘Vaza Barris’ – nome de outro rio que nasce nas imediações de Canudos, no sertão baiano de tantas histórias e lendas, e deságua em território sergipano – fomos avistando os afluentes, as ilhas e ilhotas, os sitiantes das margens. Eis os cultivos de arroz irrigados com as águas do rio, mediante um sistema de diques e comportas, é uma variedade japonesa disse a guia Anne, uma adolescente sergipana batizada com esse nome estrangeiro, completando a informação sobre o arroz secado nas ruas de Brejo Grande.

Meu olhar passeava entre os pescadores em suas canoas com as velas quadradas enfunadas e os pássaros a cruzar as margens do grande rio. Eu não me cansava de admirar o movimentado curso do Velho Chico na proximidade de sua foz. Um bailado nas águas sob o sol a pino, no sopro de um vento refrescante.

Então avistei uma extensa faixa de areia na margem esquerda. O mar chegou aqui, pensei. Foi emocionante ouvir a narrativa de Anne de que, na margem direita do rio, de onde se avistava um farol dentro do mar, existira, até alguns anos atrás, um povoado de nome Cabeço.

Entretanto, a embarcação havia alcançado a foz.

Atracamos à margem esquerda, no lado alagoano do rio. Conduzidos pela nossa guia, caminhamos um bom trecho debaixo de um sol escaldante pelo areal do Pontal do Peba até chegar ao encontro das águas do rio com o mar. Uma cena deslumbrante, talvez terrível em momentos de tempestade. Na margem oposta, em território sergipano, jazia Cabeço.

Ao entrar novamente no ‘Vaza Barris’, procurei saber mais sobre o afogamento do povoado com o ajudante de atracação, Eduardo. Isso (a inundação pelo mar) não foi de agora, vem desde os anos 70, quando por aqui cheguei (O tempo do maior represamento do rio, a usina de Sobradinho, pensei). Foi devagar. Tinha o farol, uma igreja e atrás dela um cemitério. Primeiro (o mar) chegou lá. Imaginei o desfecho: o mar arrastou os mortos para o fundo e ameaçou os vivos. Depois tomou as casas.

Enquanto aguardávamos o almoço, descansando da caminhada à foz, fomos surpreendidos com a audição de uma seleta musical bastante diversa do habitual. O que propiciou uma verdadeira educação dos sentidos: aos acordes do Bolero, de Ravel, meu olhar fixou-se nos barcos ancorados na margem do rio e deslizou para o fluxo da água verde azulada, escura que, atingida pela brisa, parecia uma pele eriçada de prazer. Atraído pela paisagem ondulante, comecei a emocionar-me ao pensar na história do afogamento do povoado, mas ao mesmo tempo dizia para mim mesmo eu vi essa paisagem antes. Onde, pensei, onde? …numa tela de van Gogh! sim, os barcos na praia alaranjada, ao sol!

Foi um momento sublime, uma beleza de doer.

 

2.

 Agora, no silêncio da noite, léguas distantes daquele mirífico lugar, folheio as páginas do livro dedicadas à obra do pintor holandês. No início de junho de 1888, Vincent percorrera a pé a distância de 30 quilômetros entre a Camargue e Les Saintes Maries-de-la-mer, uma aldeia de pescadores na costa mediterrânea (Provença). Os ciganos europeus peregrinavam anualmente à aldeia em homenagem à sua santa padroeira, Sara. Ela teria sido serva das três Marias que desembarcaram na costa provençal em 45 D.C. para difundir o cristianismo.

Numa carta ao irmão Theo, Vincent van Gogh fala das cores do mar, cores fugidias como a de corcéis. Desenhou e pintou a vista da aldeia, o casario, uma rua e várias paisagens marítimas. Dentre estas, “Barcos de pesca na praia em Saintes Maries-de-la-mer”, uma aquarela de 39 x 54 cm pintada em Arles, no mês de junho de 1888. Os barcos pintados de vermelho, verde e azul sobre a areia alaranjada da praia em contraste com o mar e céu azuis. Foi o tom alaranjado das areias do rio São Francisco que me fez evocar a mesma cor em van Gogh. Mas não era mais pertencente aos domínios do rio, e sim aos do mar, avantajando-se: se alguém cava a margem vai encontrar o manguezal, areias que se estendem por uma área de cinco a seis quilômetros rio adentro, dissera-me Eduardo durante a conversa no ‘Vaza Barris’.

Meu pensamento vagueia das lembranças da viagem às interrogações dos motivos, dos processos. Por que? Como se deu? É preciso buscar referências, pesquisar, ler, tentar entender.

 

3.

Cabeço era um povoado antigo, situado na Ilha do Arambipe. Consta de uma passagem nas memórias de viagens de Teodoro Sampaio. Eis como ele o viu em 1879, na entrada da barra:

…um grupo de habitações humildes sobre as quais uma mata de coqueiros esbeltos e desaprumados balouça ao vento a copa verde-amarelada de suas palmas.

Quando, mais de século depois, o povoado submergiu nas águas do mar talvez tivessem habitado ali umas duzentas almas.

Para não esquecer: talvez seja necessário repetir a história, contá-la nas muitas e diversas vozes. Ariadne, viajante de anos atrás, reconta, pela memória de um ilhéu, Cláudio da Conceição, a briga do rio com o mar:

Ano a ano, ele viu a maré engolir a Cabeço pelo menos quatro arruados. Entre os casinholos de taipa que sumiram sob as águas, inclusive, a Igreja de alvenaria, o cemitério, a delegacia. Só o velho farol, metade da torre sob as ondas, ainda espia a paisagem assombrada: no chão, raiz à mostra, apodrece o coqueiral da praia.

Mas o mar não fez isso por vingança. O mar entrou porque o rio, cortado pelas represas, havia perdido força.

A força do rio era tanta que jogava, seis a sete quilômetros mar adentro, água doce. Navios vinham lavar os porões naquela área. Agora o rio joga um quilômetro de água salobra – disse Lucas, motorista da viagem ao sertão.

Na foz, esse foi o efeito natural do represamento do rio a montante. As barragens de Moxotó, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó, ao diminuirem a vazão do Rio São Francisco, acarretaram outros problemas, como a extinção das lagoas marginais, fundamentais no ciclo de reprodução dos peixes.  Isso porque o controle das águas implicou, desde 1992, o fim das cheias no baixo São Francisco. A drenagem dos sedimentos e alimentos imposta pelas barragens também contribuiu para o declínio da pesca em qualidade, quantidade e diversidade. Repetiu-se o ocorrido mais acima, nas terras dos índios Truká, em Cabrobó, Pernambuco. Neguinho Truká e Alonso, porta-vozes do povo indígena declararam aos repórteres da Agência Carta Maior que as barragens de Sobradinho e Itaparica haviam eliminado mais de 30 espécies de peixe, como o surubim, o pintado, o dourado.

Pescador desde antes de atingir 18 anos, Antonio Gomes dos Santos, o Toinho, nascido em Penedo no ano de 1931, também relatou fenômeno semelhante:

Estamos aqui passando os mesmos problemas que o povo passa lá no Ceará. Não é que a gente não queira mandar água para quem passa sede no Ceará, mas nós estamos com o rio na porta e passamos os mesmos problemas que eles…Criamos, eu e minha esposa Luzinete, nove filhos e adotamos dois. Meu patrão era o rio. Hoje, meu filho tem um filho e não pode criá-lo pelo rio.

Tudo remonta, do ponto de vista do impacto mais amplo e profundo, ao “imperativo do desenvolvimento”, como nos adverte a última obra de Warren Dean. Primeiro foram os “50 anos em 5” de Juscelino Kubitschek de Oliveira, que deslocou o eixo do capitalismo de Estado vigente sob o período de Getúlio Vargas para a associação com o capital estrangeiro. Depois veio o Brasil Grande dos militares que radicalizou a opção juscelinista. O desenvolvimento afundou povoados, desalojou camponeses e pescadores, destruiu o ambiente. Sobradinho é a expressão maior dessa tragédia, ao inundar uma área de ocupação agropecuária, da qual viviam 8.619 famílias de um total 12 mil famílias de localidades como Remanso, Casa Nova, Sento Pé e Pilão Arcado. Décadas se passaram desde que o país voltou a ser uma democracia, mas, a despeito de tão grande miséria e devastação, continuamos no mesmo caminho.

 

4.

Não deixem de conhecer Xingó. É imperdível – era a recomendação comum que ouvíamos. Fomos. Mas acabamos tocados pela dor, pela perda, de ver como o Velho Chico tinha sua força presa pela barragem.

Chegamos ao local da represa após a travessia da geografia social sergipana, da zona da mata ao sertão através do agreste conduzidos por Lucas, motorista-guia com gosto pela História. Aquela imensa e interminável plantação de cana-de-açúcar, por exemplo, fazia parte da Fazenda Boa Luz. A quem pertence? A Albano Franco. Percorremos sei lá quantos quilômetros na estrada ladeados de plantação de cana-de-açúcar onde o corte ainda é manual. O que era antes, mata? Sim, era. Foi derrubada para o plantio da cana e para servir de combustível aos engenhos. E ali, aquela igreja? ….aos jesuítas. Estamos passando Laranjeiras. Outros quilômetros adiante: agora estamos em Areia Branca, no limite entre a zona da mata e o agreste. A festa de São João atrai 30 mil pessoas para o forró mais famoso da região.

Longe, cada vez mais longe, passamos Itabaiana, centro de transporte de carga e ourivesaria, Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre, Nossa Senhora das Dores, Feira Nova, Poço Redondo onde, na praça, lemos a frase Nenhum homem nasceu para ser pisado, atribuída a Lampião. Aí já era, por todo o lado, o sertão. Vimos, na paisagem veloz, o mandacaru, a algaroba, as rochas, os rios rasos d’água, vastidões secas e outras com algum capim que o gado pastava devido as chuvas de uma semana atrás, as plantações de palma entre as casinhas de taipa e as cacimbas. Já no final da viagem, passamos um assentamento do MST consolidado, uma agrovila carente porém com irrigação. Ficamos surpresos ao avistar, imediatamente depois, as terras verdejantes de plantios diversos do chamado Projeto Nova Califórnia, tocado pelo governador João Alves Filho com recursos federais e água da represa de Xingó, praticamente na entrada na cidade de Canindé do São Francisco.

Lá tomamos o rumo do hotel situado no alto de um morro, de onde se podia avistar a paisagem do São Francisco, um rio de águas azuis a correr no leito de rocha escura abaixo da represa. Tudo assumia outra dimensão, escala. Os números faziam parte da realidade medida em áreas e profundidades, numa geometrização do espaço a denotar a remodelação da natureza à imagem e semelhança dos donos das terras e meios de produção.

O lago de Xingó ocupa uma área de 60 quilômetros quadrados entre os municípios de Paulo Afonso no Estado da Bahia, Olho D’Água do Casado, Piranhas e Delmiro Gouveia no Estado de Alagoas e Canindé do São Francisco no Estado de Sergipe. Ambiente era doravante este, artificial, a ser cuidado e louvado.

Eis o que se lê num folheto distribuído pelo restaurante que detinha o controle do acesso ao lago:

As antigas e inavegáveis corredeiras deram lugar a águas mais calmas, possibilitando inesquecíveis passeios num labirinto de belíssimas formações rochosas, de 60 milhões de anos de existência, que infundem respeito e admiração em quem as contempla. Realizações como esta tornam-se possíveis quando o homem se utiliza adequadamente dos avanços tecnológicos no aproveitamento dos recursos naturais respeitando o meio ambiente.

De fato, foi o que vimos no passeio fluvial de uma hora e meia de duração que nos levou até o fundo do antigo Riacho do Talhado: a beleza azul de um novo ambiente vazio dos diversos, pequenos e frágeis seres não-humanos, guardado no labirinto das rochas.

O sol começava a reclinar-se sobre as terras do sertão quando retomamos o caminho de volta a Aracaju. A navegação para dentro e fora do antigo Riacho do Talhado deixaram-nos exauridos. Alguns dormiam, outros conversavam em voz baixa no interior da camionete. Subitamente, numa curva da estrada de terra ainda nos limites da área da represa, um cavalo saltou na frente do veículo. Lucas viu-se obrigado a frear o carro repentinamente. Vitor gritou cuidado! e perguntou angustiado se a gente tinha atropelado o animal. Não, não tínhamos mas ele está ferido, respondi. De fato, o cavalo, de corpo magro e pelo ruço, cambaleava, a cada trote, para a direita. Não estava ferido como eu imaginava. Era um potro a se mover com a dificuldade dos passos de um recém nascido. Acentuava o desequilíbrio quanto mais tentava adiantar-se à força do motor da camionete. A angústia da iminência de um desastre aumentava de modo quase insuportável porém o mal que poderia decorrer de um encontro entre a máquina e a vida evitou-se. Tal como surgira, o potro saltou sobre um pequeno barranco do lado direito da estrada aberto à passagem – apenas então percebi que todo o percurso às margens da estrada estava cercado de arame farpado – embrenhou-se na capoeira e sumiu de nosso olhar para sempre.

 

Eduardo Stotz
(viagem em janeiro de 2005)

Referências:

  • Ab’Sáber, Aziz Nacib. O homem nos terraços do Xingó. Caderno de Arqueologia 5. Museu Arqueológico do Xingó. (Relatório de visita à área de Xingó, em novembro de 1997.) http://www.museuxingo.com.br Acessado em 13/02/2005.
  • Araujo, Ariadne. A briga com o mar. No Olhar, 30/04/2001. http://www.noolhar.com Acessado em 04/02/2005.
  • Biondi, Antonio e Hashizume, Maurício. Revitalização carece de verba à altura de sua relevância. Agência Carta Maior, 30/11/2004. http://agenciacartamaior.uol.com.br/ Acessado em 26/01/2005.
  • Bonfim, Juarez Duarte. Movimentos sociais de trabalhadores no Rio São Francisco. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona, 45 (n. Extraordinário dedicado ao 1º Colóquio Internacional de Geocrítica). 1o. de agosto de 1999.
  • Dean, Warren. A ferro e fogo: a história da devastação da Mata Atlântica Brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
  • *Imagem de capa: “Agricultora Maria do Carmo Paiva da Silva remando para chegar em sua roça que fica numa ilha do Rio São Francisco. Foto: Fernando Martinho”. Disponível em: https://mst.org.br/2020/05/27/os-pescadores-expulsos-das-margens-do-rio-sao-francisco/

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