O desemprego continua enorme. O salário não dá. Apenas nossa luta pode reverter essa situação!
A última pesquisa do IBGE sobre o desemprego apenas confirmou, mais uma vez, o que dezenas de milhões de trabalhadores/as desempregados/as, subocupados/as, ou na informalidade vivem diariamente: o desemprego continua nas alturas.
Junto a esse enorme desemprego, a inflação continua a corroer sem dó os parcos salários. A carestia de vida só piora. Todo/a trabalhador/a que vai ao mercado hoje deixa de comprar algum item básico para sua família. Os aluguéis só sobem. Da mesma forma o gás de cozinha, a gasolina, a luz…
Por outro lado, os patrões – inimigos dos/as trabalhadores/as – que dizem que não têm como contratar, que não têm como pagar salários melhores, continuam cheios do dinheiro, com seus lucros crescentes. Os ricaços estão fazendo a festa com a miséria generalizada nas classes trabalhadoras. A JHSF, administradora de shoppings de “altíssima renda”, “apurou vendas 50% maiores com lojistas nos meses de maio, junho e julho, em relação ao mesmo período de 2019. Entre as marcas internacionais, o crescimento chega a superar 100% em relação ao período pré-pandemia”.
Como dizia Maiakovski: “Para um – a rosca, para os outros – o buraco dela / A república democrática [ou o capitalismo] é por aí que se revela”.
Diante dessa vida de martírio, exploração e miséria imposta pelo capitalismo à classe operária e demais trabalhadores/as, geração após geração, crise após crise, a única saída, a única solução para as massas exploradas é a sua própria luta. Não há atalhos, não existem “salvadores da pátria” que resolvam, que lutem no nosso lugar. Nenhum candidato demagogo de plantão pode, e nem pretende, eliminar a exploração do trabalho pelo capital. Somente o proletariado se organizando e lutando pelos seus próprios interesses poderá arrancar conquistas e melhorias parciais dos patrões e seu Estado. E nesta dura e prolongada luta contra seus inimigos poderá construir uma nova sociedade, onde essa vida de martírio termine.
O desemprego e a informalidade são o novo normal
A taxa restrita de desemprego continua próxima dos 15%. Isso significa cerca de 15 milhões de trabalhadores/as em busca ativa por emprego. Mas, como sabemos, muitos já nem procuram mais, depois de tanto tentar em vão, ou só conseguem achar empregos parciais e bicos, sobretudo na informalidade. Na realidade, são também desempregados/as, mesmo que estejam se virando enquanto aguardam alguma vaga.
A taxa mais ampla de desemprego do IBGE, que inclui parte desses subocupados/as e desalentados/as, ficou em 29,3%, cerca de 33 milhões de trabalhadores/as. Número similar ao de trabalhadores/as informais, 34,7 milhões.
De crise em crise, o patamar da miséria e da exploração capitalista faz com que o emprego com carteira assinada e jornada completa hoje seja a exceção! Apenas cerca de 30 milhões estão nessa condição “excepcional” no setor privado (quase 7 milhões a menos do pico da série, em 2014), em meio a imensa massa, muito maior, de informais e desempregados.
Segundo um pesquisador da FGV, a tendência é que essa “exceção” continue como tal: “a recuperação do mercado de trabalho deverá ocorrer principalmente por meio de ocupações informais, reproduzindo o padrão observado no período anterior à pandemia”. O pesquisador se refere à “recuperação” do mercado de trabalho após a crise de 2014-16, com retomada do emprego sobretudo via setor informal, momento em que as grandes categoriais de ubers e entregadores por aplicativo se formaram.
Mesmo essa “recuperação”, que significa na prática piora permanente para os trabalhadores/as, não tem perspectiva de acontecer tão cedo. Em entrevista, outro pesquisador, agora da Fipe, afirma: “Para a gente voltar à situação de dois anos atrás, ou seja, a situação antes da pandemia, nós precisaríamos criar 10 milhões de postos de trabalho. […] A gente precisaria crescer muito, muito rapidamente, e mesmo assim levaria aí, no mínimo, 2 ou 3 anos”.
Resumindo, esta é a perspectiva que o capitalismo no Brasil tem a oferecer: desemprego, informalidade, alto nível de exploração e miséria.
A carestia corrói cada vez mais os salários
A mesma Fipe constatou que, em junho, o país completou mais um ano de perdas salariais. Apenas 27,4% das negociações (das categorias que as têm) resultaram em pequeno ganho real para os trabalhadores. Outra pesquisa similar, do Dieese, mostrou que as categorias que encerraram data-base com perdas salariais são a maioria absoluta no primeiro semestre 2021.
Os salários não aumentam, mas a inflação não para de crescer, já chegando a 8,6%. Só que para as classes trabalhadoras, esse número é bem maior: as carnes aumentaram 35%; o óleo, 55%; o gás, 25%; a energia elétrica, 17%; a gasolina, 41%; e por aí vai…
Os pequenos salários vão se tornando assim cada vez mais insuficientes diante da carestia de vida. Como ganhar um salário mínimo, de R$ 1.100,00, ou até menos, e pagar aluguel, as contas de água e luz, fazer as compras do mês? Esse é o drama que milhões de mães e pais de família vivem diariamente. Não à toa a realidade da fome tem voltado em muitas famílias trabalhadoras.
Com isso, muitas famílias estão acumulando dívidas nos cartões, ou deixando de pagar contas. Mais de 60 milhões de pessoas no país estão com “nome sujo”. Os juros subindo pioram ainda mais essa situação. Enquanto isso, Itaú, Santander, Bradesco e Banco do Brasil comemoram lucro recorde histórico de R$ 23 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2021.
O governo e os que querem voltar a ser governo: não são a solução
Diante dessa situação desastrosa, o estado capitalista continua seu papel de servir seus únicos donos: os patrões. Como na crise anterior, a atual representa uma verdadeira ofensiva das classes dominantes, que buscam elevar o patamar da exploração, aproveitando o alto desemprego e fragilidade das classes trabalhadoras.
Na atual crise, por exemplo, o governo, buscando “proteger o emprego e a renda” (sic!), implementou um imenso programa de cortes de salários/jornadas e suspensões de contratos. Foram quase 10 milhões de trabalhadores/as com salários cortados ou contratos suspensos (na prática, uma demissão temporária) em 2020. O governo reeditou o programa em 2021, com a perspectiva de atingir mais 4 milhões de trabalhadores/as. Um verdadeiro programa de manutenção… do bolso do patrão!
Essa reforma trabalhista “emergencial” tem tudo para se tornar permanente. Segundo a imprensa: “O governo e o Congresso negociam uma maneira para que o programa trabalhista […] possa se tornar permanente e ser usado em caso de calamidade. […] A ideia é permitir que o programa seja acionado também em casos regionalizados”.
Com a proximidade das eleições, o PT volta a buscar iludir os trabalhadores/as, dizendo que fariam diferente. Logo eles, que, anos atrás, quando estavam no governo serviram aos patrões no que precisaram. Como dizia Lula: “se tem uma coisa que nenhum empresário brasileiro pode se queixar nos meus oito anos de mandato é que nunca se ganhou tanto dinheiro como no meu governo”. Ou então a infame frase de Lula sobre os usineiros de cana, descendentes diretos dos escravocratas: “Os usineiros de cana, que há dez anos eram tidos como se fossem os bandidos do agronegócio neste país, estão virando heróis nacionais e mundiais”. A libertação da classe operária do jugo capitalista não será obtida pela eleição desses diferentes representantes burgueses – será obtida apenas com e pela sua própria luta.
As tentativas de superação coletiva da miséria e da exploração: os embriões do amanhã
Também não são a solução os pelegos que se dizem representantes dos trabalhadores nos sindicatos e movimentos populares. Frente à possibilidade de tornar permanente o programa de manutenção do bolso do patrão, o secretário-geral da Força Sindical afirmou: “Não vemos problema com esse instrumento em momentos de crise, mas o governo está reduzindo a representação sindical”. O canalha defende o corte salarial de milhões de trabalhadores/as, em agrado aos patrões! O único “problema” que ele vê no programa é que estão dispensando os burocratas do sindicato na mesa de negociação.
A solução na luta de classes, luta dos patrões para manterem seus lucros, é a luta organizada e a resistência das classes trabalhadoras. Essa luta se encontra em patamar muito recuado, mas é a partir dessa situação realmente existente que devemos partir. A partir das organizações de bairro na luta diária contra a fome e a chacina do Estado; dos coletivos clandestinos de trabalhadores/as que enfrentam as ações patronais nos locais de trabalho; das paralisações e greves locais, contra o arrocho e as demissões… Assim reconstruiremos nossas forças, derrotaremos nossos inimigos!
“Os vencidos de hoje serão os vencedores de amanhã” (Brecht)
O presente é de luta. O futuro será nosso!