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Sindicalismo burguês e as origens do sindicalismo metalúrgico do ABC

Pelo Coletivo CVM

 

O sindicato dos metalúrgicos do ABC tem sido a ponta de lança do sindicalismo da classe dos patrões ou da burguesia no Brasil da atualidade.

Por sindicalismo burguês entendemos a posição de defesa ativa dos interesses dessa classe junto aos grupos de trabalhadores organizados em sindicatos. Esse tem sido, desde 2011, o sentido da proposta do Acordo Coletivo especial (ACE), projeto de lei que aguarda tramitação na Câmara dos Deputados. No caso, implica em fazer prevalecer o que foi objeto de negociação direta com os patrões sobre os direitos conquistados em lutas de classes no passado constantes na Consolidação das Leis do Trabalho e na Constituição de 1988.

A proposta volta a ser acenada agora como uma “solução” para separar e enfraquecer as classes trabalhadoras, contando para isso com o apoio de sindicatos mais organizadas, como a dos metalúrgicos do ABC.

Mas as origens dessa posição estão enraizadas numa experiência sindical mais ampla e mundial, tendo por base principalmente o sindicalismo americano. O ponto central em torno do qual gira essa prática sindical há muitas décadas é a de conseguir aumentos salariais e outros benefícios condicionados ao aumento da produtividade, ou seja, do sindicato apoiar o aumento da exploração da força de trabalho em troca dessas supostas vantagens limitadas ao âmbito das grandes empresas, como as automobilísticas. Foi esta, aliás, a linha geral defendida pelo sindicato dos metalúrgicos do ABC na Segunda Conferência Nacional de Trabalhadores em indústrias Automotivas, de Tratores, Máquinas de Terraplanagem e Implementos Agrícolas, realizada em maio de 1975. Nesse momento o sindicato passa a ser dirigido por Luis Inácio da Silva, conhecido pelo apelido de Lula.

É o que Maria Hermínia Tavares de Almeida aponta no artigo “O sindicato no Brasil: novos problemas, velhas estruturas”, publicado na revista Debate & Crítica, vol.6 , n.32, julho de 1975.

Em resumo, pareceria que o ideal dessa nova corrente sindical seria algo próxima ao “sindicalismo de negócios (business union) norte-americano: combativo, “apolítico”, solidamente plantado na empresa, tecnicamente preparado para enfrentar e resolver os problemas gerais e específicos de seus representados. (p.73)

Contudo, a tendência patronal no sindicato ficou contida por causa do arrocho salarial mantido pela ditadura militar e pela radicalização das lutas que aconteceram durante os anos de 1978 a 1989. O sindicalismo burguês foi tomando forma após a derrota de Luiz Inácio Lula da Silva (coligação Frente Brasil Popular) para Fernando Collor de Mello (coligação Movimento Brasil Novo) na eleição presidencial de 1989. Consolidou-se ao longo dos anos 1990 em diante, a partir da criação das câmaras setoriais e das alterações na legislação trabalhista baixadas por Medidas Provisórias no final do governo Itamar Franco, a exemplo da Participação nos Lucros e resultados (PLR), e consolidadas no governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso que “flexibiliza” vários artigos da CLT como foi o relativo à jornada de trabalho por meio do “banco de horas”. leia mais

A proposta das centrais sindicais Força Sindical, CUT, UGT e Nova Central que agora é uma proposta também do governo Dilma só tem um objetivo: aumentar o lucro dos patrões diminuindo os salários dos trabalhadores

Do site da Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora

 

Chamado de PPE (Programa de Proteção ao Emprego) esse projeto apresentado pelas centrais protege mesmo os interesses dos empresários.

Por essa proposta que tem por objetivo atingir a todos os trabalhadores sejam metalúrgicos, comerciários, bancários enfim, quando os patrões julgarem que estão em crise, através dos dados manipulados que serão aceitos pelo governo, eles poderão deixar de pagar 30% dos salários. leia mais

Seguimos firmes na luta contra o Plano de Proteção ao Empresariado

Do site da Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora

O governo Dilma mandou no dia 06 de julho Medida Provisória para o Congresso Nacional com o objetivo de colocar na lei a redução de salários de todos os trabalhadores.

A proposta foi apresentada pelas centrais sindicais: Força Sindical, CUT e UGT, como já tínhamos denunciado no inicio desse ano e defende que os patrões paguem apenas 70% dos salários. Dos 30% que seriam retirados dos trabalhadores, o governo paga 15% através dos recursos do FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador) e os outros 15%? Ninguém paga, o trabalhador perde, enquanto o patrão embolsa 30% do salário de cada um.

Portanto a Programa de Proteção ao “Emprego, garante que os lucros dos patrões não sejam diminuídos, mas sim os salários dos trabalhadores e também direitos como férias, 13° salário, FGTS, INSS, ou seja, essa proposta ataca o trabalhador enquanto estiver trabalhando e depois também ao se aposentar. leia mais

Metalúrgicos na Mercedes de São Bernardo do Campo recusam o acordo da empresa com o Sindicato

Do site da Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora

São os metalúrgicos do ABC se reencontrando com suas lutas.

No dia 02 de julho os metalúrgicos que trabalham na Mercedes Benz em São Bernardo do Campo/SP foram convocados pelo Sindicato para assembleia, na qual o Sindicato junto com a empresa defendia que os trabalhadores aceitassem a seguinte proposta:

– Redução de 10% dos salários de todos os trabalhadores.

– Reposição de apenas metade do INPC na data-base da categoria

– Para o Plano de Demissão Voluntária, além dos aposentados, também colocaram na guilhotina das demissões, os trabalhadores com estabilidade até a aposentadoria vítimas de acidente e doenças provocadas pelo trabalho.

– A proposta ainda incluía que se o Projeto de Proteção ao Emprego (PPE) for aprovado no Congresso Nacional, então a redução salarial seria maior, pois pela proposta da CUT, Força Sindical e UGT, no PPE, os patrões deixam de pagar 30% dos salários e desse valor não pago 15% são pagos pelo governo através do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT) e outros 15%, os trabalhadores perdem.

A proposta feita pela Mercedes junto com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, novamente tentava iludir os trabalhadores que isso evitaria as demissões e colocaria de volta ao trabalho parte dos 500 trabalhadores que foram demitidos na volta do lay-off.

A máscara de reduzir direitos com a desculpa de evitar as demissões começa a cair

No ano passado o Sindicato aceitou defender a proposta da Mercedes de redução do piso salarial em 20%, aceitou uma nova grade salarial que achata os salários e por dois anos não ter reajuste salarial acima da inflação.

O Sindicato dos Metalúrgicos também aceitou defender o lay-off afirmando para os trabalhadores que isso era a forma de evitar demissões. leia mais

Proposta para conter desemprego foi fechada pelo governo com previsão de pagamento de 15% dos salários com recursos do FAT

Em julho de 2014 o CVM já alertava para a armadilha do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), cujas negociações estavam em curso entre governo federal, representantes de empresários e trabalhadores. O Plano na verdade protege ao Capital em detrimento das condições de trabalho e obviamente salários. Naquela ocasião (tal como agora), a Força Sindical e a CUT mostravam-se favoráveis à medida. Nenhuma novidade, considerando o peleguismo cada vez mais convergente dessas duas centrais. - CVM

(A propósito do PPE, leia aqui o artigo do CVM, publicado em 14/07/2014: "Programa de Proteção ao Emprego ou ao Patrão?"

 

 

Murilo Rodrigues Alves – O Estado de S. Paulo

17 Junho 2015 | 21h 45
Proposta para conter desemprego foi fechada pelo governo com previsão de pagamento de 15% dos salários com recursos do FAT

BRASÍLIA – A área técnica do governo fechou a proposta do programa de redução da jornada de trabalho e de salários, que deve sair até o fim deste mês como medida para controlar o aumento do desemprego na indústria. Pelo desenho proposto, ao qual o Estado teve acesso, a jornada seria reduzida em 30%, mesmo porcentual que as empresas cortariam do salário. O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), porém, pagaria 15% do salário para o empregado.

Para os empregadores, a redução nos custos seria da ordem de 30%. Para os trabalhadores, o salário seria cortado em 15% porque contariam com o complemento do FAT, fundo responsável pelos pagamentos do seguro-desemprego e do abono salarial.

A proposta, batizada de Plano de Proteção ao Emprego (PPE), é vista com simpatia pelo Planalto e, principalmente, pela equipe econômica. As discussões foram comandadas pela Casa Civil, com apoio técnico do Ministério do Trabalho. Defensores da proposta consideram essencial colocá-la em prática para impedir o aumento do desemprego – a taxa de abril foi a maior em quatro anos. leia mais