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Gaza, ano zero: as raízes do Holocausto palestino [parte 5]

Bernardo Kocher
Prof.  História Contemporânea
Universidade Federal Fluminense
Publicado no Opera Mundi em 10 de maio de 2024.

É possível que os atos estudantis estejam adiando (ou impedindo) o ataque mais mortal de todos os até agora praticados contra o povo palestino, em Rafah

 

 

Neste início de maio de 2024, é imprescindível considerar que um fator indiretamente vinculado à política genocida aplicada pelo Estado sionista na Faixa de Gaza está se tornando relevante na opinião pública mundial: as manifestações dos estudantes universitários norte-americanos e, a partir deste “ponto zero”, o espraiamento dos protestos para vários centros acadêmicos da Europa, Ásia, Oceania e América Latina. É relevante e também alvissareiro que finalmente um verdadeiro movimento com base social de massas tenha ao menos potencialmente atingido a autoestima e, eventualmente, os interesses dos apoiadores da política social genocida em curso. Isto ocorre para além da imersão destes discentes na cultura humanística na qual eles foram formados, de respeito aos direitos humanos. Após meses de massivas manifestações de rua que se replicaram em várias cidades daqueles continentes, um verdadeiro ponto nevrálgico da questão foi finalmente criado com a inserção estudantil no processo de denúncia do que está ocorrendo. As passeatas e comícios desde o início da “guerra” não haviam logrado sensibilizar as forças políticas da sociedade civil do sistema imperial para o cometimento de seus crimes. leia mais

Fatos & Crítica 46: A tragédia das inundações no Rio Grande do Sul: de quem é a responsabilidade?

Coletivo do CVM

 

As inundações no Rio Grande do Sul afetaram mais de dois milhões de pessoas, obrigaram cerca de 530 mil a abandonar as suas casas e 80 mil a buscar acolhimento em abrigos. Até agora, foram confirmados 169 óbitos e quase mil feridos. A economia da maioria dos municípios do estado, em todos os seus setores, foi profundamente abalada.

Calamidades com tamanha gravidade nunca haviam ocorrido no Rio Grande do Sul e o evento soma-se a muitas outras catástrofes climáticas – sejam elas ondas de calor e incêndios ocasionados por secas, sejam furacões, deslizamentos de terra ou inundações provocadas por chuvas torrenciais – que vêm ocorrendo nos últimos anos de forma cada vez mais comum e intensa por toda a superfície do planeta e, obviamente, no Brasil.

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Não à tropa!

Colectivo Bandeira Vermelha

 

Recentemente surgiram vozes defendendo o regresso do Serviço Militar Obrigatório (“a tropa”). Como que vindos do nada, generais, políticos e comentadores descobrem ameaças à segurança nacional, à democracia e à liberdade; que as forças armadas portuguesas não têm condições de responder às ameaças dos tempos actuais e defender a integridade e a soberania nacional, que são obsoletas, insuficientes e, por via disso, incapazes de cumprir satisfatoriamente os seus compromissos no quadro da NATO. Tudo isto devidamente embrulhado em bafientos discursos militaristas, em que não falta a estafada “honra e orgulho de morrer pela pátria” e os apelos patrioteiros.

De onde vem esta “descoberta”, dado que, olhando à nossa volta, não está o país em risco de ser invadido nem a ser ameaçado por espanhóis, norte-africanos ou árabes?
A resposta é simples, e nada tem a ver com qualquer suposto “interesse nacional” ou ameaça à “soberania nacional” mas com o desastre que está a ser a guerra na Ucrânia.
Falhadas as perspectivas iniciais de uma derrota rápida da Rússia que, dizia-se, seria posta de joelhos pela capacidade e superioridade da indústria de guerra ocidentais, pelas sanções, pelo boicote económico, o confisco dos milhares de milhões depositados pelos russos nos bancos ocidentais, e pelo envio de armas e mercenários, o que se prefigura é a derrota da Ucrânia – o mesmo é dizer, dos EUA, NATO e União Europeia. Algo tido como intolerável por estes, e que coloca a questão de se ter de vir a enviar tropas europeias (não norte-americanas, dado que quer Biden quer Trump já disseram que não o fariam) para combater na Ucrânia contra os russos, mesmo correndo-se o risco bem real de isso nos conduzir a uma terceira guerra mundial e ao holocausto nuclear. Macron foi o primeiro a apontar essa necessidade, ideia que lentamente vai fazendo o seu caminho e a ser secundada por responsáveis da NATO e da União Europeia. leia mais

Crise climática capitalista e luta de classes no RS

Luta Operária, maio de 2024

 

O Rio Grande do Sul enfrenta a maior catástrofe climática de sua história. No dia 16 de maio de 2024, os números oficiais indicavam 151 mortos e 104 desaparecidos, além de mais de 538 mil desalojados. Cidades inteiras foram devastadas pela força das águas e outras tantas ficaram isoladas devido aos problemas nas estradas causados pela água.

Apesar de todas essas consequências sobre a população, em sua maioria trabalhadora, a principal preocupação do capital e seu Estado tem sido, como sempre, de garantir seus lucros. Com inúmeras estradas bloqueadas, as grandes empresas estão sendo impactadas sobretudo pela dificuldade de garantir a circulação de mercadorias. Por exemplo, o complexo da GM em Gravataí está parado desde o dia 1º de maio, por falta de matéria-prima e retorna a operar dia 20/05 com apenas um turno. A REFAP, em Canoas, seguiu operando durante a enchente, apesar de estar a 2 quilômetros da entrada do bairro Mathias Velho, um dos mais atingidos. Só reduziu a produção porque não estava conseguindo escoar a produção e ficaram com os estoques lotados. A Tramontina deu férias coletivas para 4 mil trabalhadores em Carlos Barbosa. A Gerdau paralisou sua produção em Charqueadas e Sapucaia do Sul. A Dalleaço, em São Leopoldo, foi uma das poucas grandes empresas do RS que foi diretamente afetada pela enchente. Outras empresas fora do estado também estão sendo impactadas. A Volkswagen estuda dar férias coletivas para os trabalhadores de três fábricas em SP devido à falta de peças. A montadora Stellantis, precisou paralisar pontualmente a produção da sua planta em Córdoba, na Argentina, também devido ao impacto da enchente na cadeia logística. leia mais

As greves em 2023 no Brasil

Cem Flores – 21.05.2024

De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ocorreram 1.132 greves em 2023 no Brasil. Apesar do número de greves estar em crescimento desde 2021, ainda permanece bem abaixo do último ciclo de greves, cujo pico ocorreu em 2013-16. Em relação às horas paradas, o DIEESE mostrou que houve uma queda em relação a 2022.

Nesta publicação, continuamos nossa análise sobre as greves dos últimos anos no Brasil, focando agora o primeiro ano do governo burguês de Lula-Alckmin. A luta grevista é um importante aspecto da luta das classes exploradas. Sua análise é um passo fundamental para identificar seus limites e potencialidades em determinada conjuntura concreta e, assim, construir táticas e estratégias que apontem para o seu avanço. leia mais