Ciclo de Palestras e Debates: A Atualidade do pensamento de Francisco Martins Rodrigues
Portal Francisco Martins Rodrigues
Em setembro e outubro deste ano, ocorrerá um Ciclo de Palestras e Debates virtual sobre a atualidade do pensamento de Francisco Martins Rodrigues (1927-2008), importante comunista português cuja obra o Cem Flores divulga desde 2012. Nos últimos anos, as teses de Rodrigues estiveram mais presentes e discutidas no Brasil devido a publicação de seu livro Anti-Dimitrov, que ganhou uma nova edição pela LavraPalavra Editorial.
O Centro de Estudos Victor Meyer apoia este evento e irá participar da 2ª sessão, no debate intitulado: Leninismo versus centrismo e reformismo: independência de classe e alianças, que ocorrerá no 24 de Setembro de 2021, às 17 horas (Brasil).
Convidamos aos/às camaradas e leitores/as do site que têm interesse na obra do revolucionário e no debate sobre os dilemas do movimento comunista atual a se inscreverem e participarem do evento. Abaixo, segue o texto de apresentação do ciclo de palestras e debates, publicado no site Francisco Martins Rodrigues – Internacional.
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Têm surgido nos últimos anos em Portugal e noutros países um interesse e uma busca consistente de textos da autoria de Francisco Martins Rodrigues, em particular por parte das gerações mais novas que não tiveram o privilégio de o conhecer mas querem conhecer a sua obra.
Este fenómeno, que é relativamente novo, pode explicar-se pela falência cada vez mais evidente das teses e da prática da política de alianças frentistas com a social-democracia, distinguindo-se em particular as manobras jerigoncistas de viabilização da governação dita “socialista” do centro esquerda, que têm redundado em sucessivos fracassos e transformado a esquerda institucional BE e PCP em meros apêndices da democracia burguesa.
Também no Brasil começou a tomar uma nova dimensão a projecção das ideias de FMR, desde há 10 anos, quando o colectivo Cem Flores começou a divulgar textos de FMR, e em particular desde há 3 anos, depois da edição brasileira do livro “Anti-Dimitrov”, que no próximo mês conhecerá a sua segunda edição em português do Brasil.
Nos dois países Francisco Rodrigues é citado nos debates entre marxistas para sustentar posições antifrente-populistas e combater as várias formas de reformismo que constantemente se manifestam sem que os seus adeptos retirem as lições que se impõem da deriva petista e suas nefastas consequências.
As posições do FMR ganharam peso nos meios marxistas portugueses e brasileiros graças a estes esforços de divulgação por parte daqueles que apostaram nelas, mesmo quando isolados. Mas também se afirmaram muito pela necessidade que os militantes sentem de enveredar por novos debates à luz das suas ideias, com vista a alcançarem uma presença e influência mais visíveis e decisivas junto das lutas do proletariado e das massas exploradas. Há que insistir mais e reforçar os laços com outros grupos, sites e publicações noutros países em que se manifesta esse interesse de diálogo.
As ideias de FMR têm sobrevivido ao desgaste do tempo e têm sido confirmadas pelas provas que a história nos tem apresentado, aparentando apontar novos caminhos mais favoráveis aos ideais revolucionários.
Sinal dos tempos, a esquerda está, face às sucessivas crises capitalistas e ao ascenso do neoliberalismo, posta diante da falência em toda a linha da corrente comunista e de todos os seus variados quadrantes. Procuram-se respostas e elas parecem perfilar-se como uma promessa de renascimento ideológico e político, possível através do aprofundamento e aplicação desta retomada do corpo ideológico criado pelos escritos de Francisco.
É este o resgate que merece a figura política e pessoal do saudoso camarada Francisco. É para incentivar, consensualizar e ampliar esta tendência de fazer reviver em pleno a sua herança ideológica, que, por iniciativa do colectivo Bandeira Vermelha, com a participação do colectivo Cem Flores, se propõe um ciclo de palestras e debates sobre a actualidade do pensamento de FMR e sobre as suas consequências a todos os níveis.
Temos a noção de que são preciosos todos e cada um dos esforços sérios que se possam congregar entre os vários colectivos existentes no Brasil e Portugal no sentido de reforçar o campo em torno destas ideias e procurar novos caminhos, tanto quanto possível comuns e consensuais, para a revolução socialista.
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PROGRAMA
1ª sessão: Francisco Martins Rodrigues: vida, teoria e luta
17 de Setembro de 2021, às 17 horas (Brasil) / 21 horas (Portugal)
– Ana Barradas, membro do colectivo Bandeira Vermelha.
– Gabriel Landi Fazzio*, edições LavraPalavra.
– Ricardo Noronha**, historiador.
Ao longo de 60 anos como militante, activista, dirigente, teórico e polemista, Francisco nunca se afastou da luta por uma sociedade livre de exploração em que a classe operária pudesse derrubar a burguesia, desenvolver-se e criar o seu próprio sistema de poder. Ele encontrou no estudo do 7º Congresso da IC a base teórica que lhe faltava para alicerçar o edifício da sua contestação à linha centrista do movimento comunista. Como uma vez disse, “o dimitrovismo infiltrou-se no conjunto da esquerda à escala mundial e as suas consequências têm sido perversas para o triunfo do proletariado.”
* Gabriel Landi Fazzio, responsável pelas edições LavraPalavra, tem sido o principal divulgador editorial no Brasil do livro “Anti-Dimitrov” de FMR, agora na sua segunda edição.
** Ricardo Noronha, historiador interessado em conflitos sociais, entende bem a postura revolucionária de FMR e as suas análises a esse respeito muito têm contribuído para a divulgação da sua obra teórica.
2ª sessão: Leninismo versus centrismo e reformismo: independência de classe e alianças.
24 de Setembro de 2021, às 17 horas (Brasil) / 21 horas (Portugal)
– Eduardo Stotz, membro do Centro de Estudos Victor Meyer.
– António Barata, membro do colectivo Bandeira Vermelha.
– Lucas Faria, membro do Comboio Suburbano Podcast.
A crítica ao frentismo é uma das mais importantes contribuições de Francisco Martins Rodrigues para o resgate das questões de estratégia e tática revolucionárias relacionadas à independência e alianças de classe do proletariado. A independência política tem se traduzido, desde o Manifesto do Partido Comunista (1848), como a defesa de interesses do proletariado em oposição aos da burguesia e da sua sociedade. A constituição desta independência de classe na forma de partido político próprio se realiza em fases históricas e distintas conjunturas da luta de classes. O imperialismo provocou a cisão irremediável no movimento socialista constituído sob o legado marxista, cujo processo alargou-se e consolidou-se no neo-revisionismo representado na Internacional Comunista nas teses da “Frente Popular”. A contribuição de FMR trazida no exame crítico do VII Congresso da IC em sua obra “Anti-Dimitrtov” será examinada em diálogo com outras contribuições da esquerda revolucionária.
3ª sessão: Acção Sindical, Linha de Massas e a Actuação dos Comunistas.
1 de Outubro de 2021, às 17 horas (Brasil) / 21 horas (Portugal)
– Gilson Lima, membro do colectivo Cem Flores
– Enrico Watanabe, militante da Intersindical – Instrumento de luta, na Baixada Santista.
– António Barata, membro do colectivo Bandeira Vermelha.
A actuação dos comunistas nas lutas do proletariado e das massas dominadas foi uma das preocupações centrais de Francisco Martins Rodrigues. Ao longo de sua vida militante, várias foram as intervenções analisando os processos de luta no movimento sindical e demais movimentos populares. Qual a postura e quais os objectivos do movimento comunista diante das resistências espontâneas, das lutas económicas e locais das massas? Como as lições de FMR podem ser lidas e aplicadas diante da conjuntura actual? A mesa debaterá essas e outras questões que apontam para um dos maiores desafios dos comunistas hoje: crescerem enquanto influência nas lutas operárias, nos protestos de massas; fazer desse crescimento, uma retomada da luta revolucionária.
4ª sessão: A reconstrução do movimento comunista hoje
8 de Outubro de 2021, às 17 horas (Brasil) / 21 horas (Portugal).
– Ana Barradas, membro do colectivo Bandeira Vermelha.
– Fauze Chelala, membro do colectivo Cem Flores.
– Eduardo Stotz, membro do Centro de Estudos Victor Meyer.
Face à grave crise em que se encontra mergulhada a esquerda revolucionária e o movimento operário de todo o mundo há uma lição essencial a retirar dos últimos 90 anos de luta dos comunistas – a exigência de uma demarcação clara, sem meio-termo, entre os interesses revolucionários do proletariado e os interesses reformistas da pequena burguesia. Actualmente, quando múltiplas correntes pequeno-burguesas conseguiram por toda a parte esbater essa demarcação, apropriando-se e desvirtuando à sua maneira o marxismo e atrair o proletariado e os trabalhadores para o seu campo, a crítica às variantes “marxistas” da pequena burguesia (a social-democrata em particular) é a condição necessária ao ressurgimento de uma renovada corrente comunista capaz de levar até às últimas consequências a luta pelo derrube da burguesia e iniciar a construção de uma sociedade sem propriedade e exploração do homem pelo homem.
Colectivo Bandeira Vermelha
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