Enfim, ontem na Grécia uma ampla maioria da população votou pelo NÃO ao pagamento da dívida pública. Mas de onde veio essa dívida? Como ela se formou ? Que benefícios os empréstimos do FMI trouxeram à população ? As respostas à essas perguntas foram dadas por Maria Lúcia Fattorelli, auditora brasileira convidada pelo Syriza para fazer parte do Comitê pela Auditoria da Dívida Grega, juntamente com outros 30 especialistas internacionais. Maria Lúcia Fattorelli disseca os contratos firmados pelos governos anteriores com a troika - Comissão Européia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - e revela uma falcatrua internacional escancarada. A dívida é criada a partir de empréstimos que beneficiam agentes financeiros privados, eleva-se artificialmente por mecanismos de securitização e se transforma em dívida pública, a ser paga com a privatização de setores produtivos. Já vimos esse filme.
A dívida atinge frontalmente a classe trabalhadora pois o Capital e seu Estado faz o seu pagamento através do aumento do grau de exploração da classe trabalhadora de forma direta (diminuição de salários) e indireta (redução de proteção social e serviços públicos).
A contraposição à esta audaciosa investida da burguesia financeira internacional e local deve se dar no campo político, econômico e ideológico. O caminho passa pela luta da classe trabalhadora por uma sociedade socialista, que promova a estatização do sistema financeiro, eliminando o parasitismo financeiro e a exploração capitalista.
Apresentamos a seguir a entrevista de Maria Lúcia Fattorelli publicada em Carta Capital, e ao final dois vídeos, um contendo sua entrevista recente para a TV Brasil e outro em que ela apresenta o seu trabalho (em inglês, legendado) ao parlamento grego, revelando os mecanismos operacionais das fraudes financeiras (é isso mesmo, fraudes financeiras) com mais detalhes e de forma muito didática. – CVM
“A dívida pública é um mega esquema de corrupção institucionalizado”
– Entrevista de Maria Lúcia Fattorelli para Carta Capital.
Para ex-auditora da Receita, convidada pelo Syriza para analisar a dívida grega, sistema atual provoca desvio de recursos públicos para o mercado financeiro.
Dois meses antes de o governo Dilma Rousseff anunciar oficialmente o corte de 70 bilhões de reais do Orçamento por conta do ajuste fiscal, uma brasileira foi convidada pelo Syriza, partido grego de esquerda que venceu as últimas eleições,para compor o Comitê pela Auditoria da Dívida Grega com outros 30 especialistas internacionais. A brasileira em questão é Maria Lucia Fattorelli, auditora aposentada da Receita Federal e fundadora do movimento “Auditoria Cidadã da Dívida” no Brasil. Mas o que o ajuste tem a ver com a recuperação da economia na Grécia? Tudo, diz Fattorelli. “A dívida pública é a espinha dorsal”.
Enquanto o Brasil caminha em direção à austeridade, a estudiosa participa da comissão que vai investigar os acordos, esquemas e fraudes na dívida pública que levaram a Grécia, segundo o Syriza, à crise econômica e social. “Existe um ‘sistema da dívida’. É a utilização desse instrumento [dívida pública] como veículo para desviar recursos públicos em direção ao sistema financeiro”, complementa Fattorelli. leia mais