Gaza, ano zero: as raízes do Holocausto palestino [parte 15]

Bernardo Kocher
Opera Mundi – 25 de outubro de 2024

 

Desfile militar do Dia do Exército do Irã em Isfahan, em abril de 2017; (Foto: Fars News Agency / Wikimedia Commons)

 

Tal como se encontra a situação política atual, o país persa é o único com condições de se interpor entre a pax israelensis e os demais países vizinhos

 

Estamos próximos do anunciado ataque do Estado sionista e seus aliados europeus e EUA à República Islâmica do Irã. Mesmo que não se saiba ainda o momento exato desta agressão, já paira no ar nos meios de comunicação e pronunciamentos das autoridades diretamente envolvidas sinais de que o início do ataque é iminente. Existem sinais claros de que todos os preparativos materiais, tanto da agressão ao país persa quanto da defesa do Estado sionista à resposta iraniana, foram adequadamente equacionados. Não restam divergências sobre quais os alvos e meios a serem utilizados no futuro ataque. As decisões mais cruciais de logística para alcançar os objetivos pré-determinados já se sedimentaram em planos concretos. leia mais

Um sonho escuro, heroico e terrível – sobre a experiência socialista na antiga URSS

Eduardo Stotz
25 de outubro de 2024
Publicado em janeiro de 2022.
Revisado e atualizado em outubro de 2024

 

Apresentação

A crise ambiental, cujos desdobramentos imprevisíveis ameaçam a humanidade e o ciclo da vida no planeta em sua complexidade, e a escalada militar liderada pelos Estados Unidos e seus aliados, a lançar a sombra de uma 3a guerra mundial, constituem ameaças presentes de tal gravidade que deveriam abrir caminho para uma radical mudança na sociedade e em sua organização internacional. Vivemos na barbárie: a opulência de uma minoria em meio à pobreza, à fome e à violência por todo o lado, inclusive nas grandes cidades do centro do capitalismo. Possibilidade efetiva de superação, dado o impressionante desenvolvimento tecnológico e, portanto, das forças produtivas em curso, no qual se destaca a China.

Essa situação de conjunto confere um sentido à retomada da palavra de ordem do socialismo enquanto uma forma de sociedade alternativa ao capitalismo e à barbárie representada por este sistema, mediante a organização coletiva e a direção de todo o processo social pelos trabalhadores.

O objetivo, contudo, não faz parte da consciência social de nosso  tempo. A memória social da Rússia nos países da Europa não é aquela dos conselhos de operários, camponeses e soldados de 1917 ou do papel decisivo desempenhado pela União Soviética na derrota do nazi-fascismo na segunda guerra mundial. Pelo contrário, o nome do socialismo está marcado na memória da gerações do pós-Guerra pela tutela dos partidos comunistas sobre os trabalhadores por quase um século na URSS e na sua extensão ao leste europeu. Em nossos dias, a guerra na Ucrânia parece atualizar esse passado de opressão política com a intervenção militar da Federação Russa. leia mais

Desvendando o papel das instituições burguesas – a inflação, as taxas de juros e a classe operária. Notas sobre a ata 265ª (18-19/09/2024) do COPOM

                        Glaudionor Barbosa
Membro do coletivo CVM

 

As ideias dominantes numa época nunca passaram das ideias da classe dominante. (MARX)

 

  1.  Introdução

A leitura de uma Ata do Copom demonstra até a náusea que os gênios da Política Monetária burguesa brasileira escrevem sempre utilizando a Ata anterior como rascunho. A de número 265, apenas, confirma o que se acaba de afirmar. Outro problema é seu hermetismo, sua mistura de abstrações ideológicas com tecnicismos imprecisos, só compreensíveis pelos iniciados. Como entidade pública, o Banco Central deveria prestar contas à população que trabalha, gera as riquezas e, ainda, paga a conta. Além de que, como é sabido, a construção do índice Selic é feita a partir da média das projeções das principais operadoras do mercado financeiro. Ou seja, o projeto e execução do sistema de proteção do galinheiro é entregue a um comitê de raposas. leia mais

Gaza, ano zero: as raízes do Holocausto palestino [parte 14]

Bernardo Kocher
Prof.  História Contemporânea
Universidade Federal Fluminense
Opera Mundi – 18 de outubro de 2024

Foto de capa: UN Photo / Loey Felipe. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante a 79a sessão da Assembleia Geral da ONU.

 

“Insegurança” apontada por Netanyahu indica que “a obra” de criar um Oriente Médio perfeito para os fins ocidentais ainda não está acabada

 

Em seu discurso na Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas, por ocasião da abertura da 79a. Sessão da instituição, em 27 de setembro passado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu exibiu dois mapas de fronteiras e de alianças do Oriente Médio, dividindo-o em duas porções: um seria o da “maldição” do Oriente Médio e o outro da “benção”. Há exatamente um ano, neste púlpito e com os mesmos propósitos institucionais, o governante sionista apresentou na sua alocução dois outros mapas também em cartazes que eram improvisadamente mantidos à vista da audiência e das câmeras. Naquela ocasião, a mensagem estava focada na provocativa proposição de que seria construído um novo Oriente Médio. Em nenhuma das duas versões gráficas existiria nada semelhante a um Estado palestino, somente o sionista e os demais países vizinhos. Mais uma vez, em 2018, e desta vez no discurso de abertura da 74a. Sessão da Assembleia Geral da ONU, o primeiro-ministro reaparece com um outro mapa, agora de áreas de Teerã onde ele argumentava que eram armazenadas armas nucleares. leia mais

Velho Chico – um sabor de vida e corte

Eduardo Stotz
Encontraponto – 11/10/2024

 

Uma extensa matéria com o título “O sumiço das águas”, publicada em 03.10.2024 no portal da Comissão Pastoral da Terra – Bahia, chama atenção pela cuidadosa análise da crise dramática atravessada pelas populações humanas e não humanas na região do Médio São Francisco. O resumo é bastante claro: “Polo agroindustrial, seca relâmpago e crise climática estão sugando as águas dos rios São Francisco e Grande.”

Cada novo empreendimento capitalista semelhante aos apresentados na matéria da CPT-Ba, retira mais vida ao rio e acelera sua degradação. A minha contribuição para a luta contra o latifúndio do Agronegócio aqui no Encontraponto constitui o relato da navegação pelo São Francisco a partir de Brejo Grande na direção da foz no Atlântico. É o texto que disponibilizamos a seguir no blog. leia mais