Crise política: qual é o nosso lado nessa disputa? – Jornal Diário de Classe do SISMMAC

publicado no Dário de Classe, jornal do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba – SISMMAC

O cenário político que vivemos no país nos faz crer que existem dois lados distintos em disputa: um que vai às ruas contra a corrupção e outro que vai para defender a democracia. Segundo este raciocínio, não escolher um dos dois seria sinônimo de “neutralidade”.
Mas será que as coisas são tão simples como parecem? São só essas duas possibilidades que existem para nós, trabalhadores?

Acreditamos que não! Entendemos que é necessário ir mais fundo nesta análise, para então responder qual é o nosso papel e o nosso lado nessa disputa.

A falsa acusação de neutralidade

Na sociedade em que vivemos, existem de fato dois lados em disputa. Duas classes que possuem interesses opostos entre si: de um lado, os empresários, fazendeiros, banqueiros e, do outro, nós, trabalhadores. Neste sentido, temos um lado, sim: o lado da classe trabalhadora.

A disputa que hoje domina os espaços da grande mídia e das redes sociais nada mais é do que uma briga entre frações do empresariado em luta pelo poder político.

De um lado, temos os representantes das grandes multinacionais e do agronegócio tentando retomar seu espaço na Presidência da República. Figuras que se dizem contra a corrupção, mas que estão envolvidos em vários escândalos: desvio de verbas da saúde e da educação, nepotismo, recebimento de propinas, etc. Estes possuem a grande mídia a seu favor e também boa parte do judiciário.

Do outro lado, temos um partido que nasceu das lutas dos trabalhadores mas que, para chegar ao governo e se manter no poder, assumiu como seus os interesses dos banqueiros, de parte da grande indústria e do agronegócio. Um partido que, ao assumir a Presidência, deu continuidade aos projetos do governo anterior, e aprovou a Reforma da Previdência, atacou e retirou direitos trabalhistas com projetos como o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e privatizou as empresas públicas mais lucrativas.

Para nós, trabalhadores, escolher um desses lados significa estar do lado errado. Estamos sendo empurrados para as ruas e para uma disputa fanática que mais parece briga de torcida organizada, que joga trabalhador contra trabalhador e esconde o que de fato está por trás disso tudo.

Projetos que atingem os servidores públicos

Nos bastidores desse grande circo armado pela mídia e pelo judiciário com a operação Lava Jato, uma grande jogada está sendo armada para retirar direitos trabalhistas, a fim de garantir o lucro dos empresários e jogar a conta crise nas costas dos trabalhadores.

Segundo dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), hoje, tramitam no Congresso Nacional 55 propostas que colocam em risco direitos duramente conquistados pelos trabalhadores ao longo da história no Brasil. Dentre eles estão: a regulamentação da terceirização; o impedimento do empregado demitido de reclamar na Justiça do Trabalho; a extinção da multa de 10% por demissão sem justa causa; a regulamentação e retirada do direito de greve dos servidores; a extinção do abono de permanência para o servidor público; privatização de todas as empresas públicas.

Além destes, existe um Projeto de Lei Complementar (PLP 257/16) que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados e prevê congelamento salarial e plano de demissões voluntárias no serviço público. Esse projeto autoriza o refinanciamento da dívida dos estados e terá um efeito devastador sobre os servidores públicos das três esferas de governo.

Mas então, qual é a saída?

A saída para a classe trabalhadora sem dúvida é lutar por seus direitos, a partir dos locais de trabalho, e pela construção de uma sociedade na qual os trabalhadores estarão no comando.

 Devemos nos informar sobre o que está acontecendo e não aceitar apenas a aparência. A mídia apresenta os fatos conforme os interesses de quem ela representa e nem tudo o que circula nas redes sociais é de fato verídico.

Para além disso, é necessário participar ativamente das lutas da nossa categoria e também dos nossos espaços de organização, sejam eles no Sindicato, nas unidades de ensino e nos espaços mais amplos de união das diversas categorias. Precisamos ser protagonistas das lutas por mais direitos, na resistência aos ataques que estão em curso e na superação desta sociedade que sobrevive da exploração dos trabalhadores.

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