Boletim de Conjuntura Nacional

Fatos & Crítica 48: A greve nacional dos professores do ensino superior acentuou os impasses do governo de centro direita

Coletivo do CVM

 

A greve nacional dos professores universitários, dos institutos e centros tecnológicos de ensino federais em luta por reajustar os salários face à inflação acumulada e vigente e conquistar aumento salarial real, após mais de dois meses de luta e negociações, passa no momento pela marcação de assembleias de avaliação do movimento nos próximos dias. Há o consenso de que foi uma luta difícil, sem ganhos, mas que revelou o caráter do governo Lula e acentuou os seus impasses.

 

A luta

O ANDES – Sindicato  Nacional dos Docentes de Nível Superior comandou a paralisação e se defrontou não apenas com a recusa do governo a conceder o reajuste salarial pleiteado por causa da inflação passada, mas com um sindicato que se opõe radicalmente a ele e funciona como uma correia de transmissão governamental, o Proifes – Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico. leia mais

Fatos & Crítica 47: O 1º de maio de 2024 e os desafios dos trabalhadores

Coletivo do CVM

 

Fiasco e fracasso foram palavras correntes usadas para explicar a escassa participação dos trabalhadores no 1º de Maio no Brasil deste ano. Um contraste com o que aconteceu no resto do mundo, com amplas manifestações nas quais a reivindicação de redução da jornada do trabalho levantada em 1889, quando a data passou a ser comemorada como dia internacional de luta dos trabalhadores tem sido retomada em vários países.  A resistência à exploração e a luta em termos de classe proporcionada pela regulamentação da jornada de trabalho constituem passos importantes no sentido do questionamento da dominação da burguesia. São aprendizados a serem feitos.

 

Como foram os atos de primeiro de maio?

No dia 1º de maio de 2024, as tradicionais manifestações do Dia do Trabalhador reuniram milhares de trabalhadores pelo mundo que saíram às ruas para reivindicar melhores condições de vida e trabalho. leia mais

Fatos & Crítica 46: A tragédia das inundações no Rio Grande do Sul: de quem é a responsabilidade?

Coletivo do CVM

 

As inundações no Rio Grande do Sul afetaram mais de dois milhões de pessoas, obrigaram cerca de 530 mil a abandonar as suas casas e 80 mil a buscar acolhimento em abrigos. Até agora, foram confirmados 169 óbitos e quase mil feridos. A economia da maioria dos municípios do estado, em todos os seus setores, foi profundamente abalada.

Calamidades com tamanha gravidade nunca haviam ocorrido no Rio Grande do Sul e o evento soma-se a muitas outras catástrofes climáticas – sejam elas ondas de calor e incêndios ocasionados por secas, sejam furacões, deslizamentos de terra ou inundações provocadas por chuvas torrenciais – que vêm ocorrendo nos últimos anos de forma cada vez mais comum e intensa por toda a superfície do planeta e, obviamente, no Brasil.

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Fatos & Crítica 45: Economia em alta e popularidade em baixa?

Coletivo do CVM

 

Os últimos resultados das pesquisas de opinião sobre o governo Lula fizeram soar o alarme no Palácio do Planalto. Segundo o Datafolha, em março do ano passado, 38% dos entrevistados julgavam o governo ótimo ou bom, mas, decorrido um ano, esse percentual baixou para 35%. Inversamente, o número dos que consideravam o governo ruim ou péssimo subiu, no mesmo período, de 29% para 33%.

O governo não esperava essa evolução, diante de vários índices econômicos positivos: no ano de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,9%; o desemprego baixou (na média anual) de 9,6% em 2022 para 7,8% em 2023; 1,8 milhões de empregos formais foram criados no ano passado e a renda do trabalho teve um aumento de 11,7% no mesmo período. leia mais

Fatos & Crítica 44: O outubro palestino

Notas sobre os quatro meses da guerra Israel-Palestina

 

Ao iniciar essas notas, Israel intensifica bombardeios sobre Rafah, cidade ao extremo sul da faixa de Gaza.  Mais de 50 anos de ocupação e 10 anos de bloqueio tornaram insuportável a vida de 2,1 milhões de palestinos que vivem dentro da Faixa de Gaza que hoje é uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, com mais de 5.000 habitantes por quilômetro quadrado. A Faixa de Gaza é menor que cidade de Magé/RJ, mas abriga 8,5 vezes mais pessoas[1].

Em 07 de outubro de 2023 o cerco aos muros da fronteira fortificada e militarizada imposta pelo Estado de Israel à faixa de Gaza foi rompido por combatentes palestinos liderados pelo Hamas[2]. A ação causou cerca de 1.200 mortes e 130 sequestros da população israelense, entre civis e militares, e ganhou destaque na grande mídia, preparando a chamada “opinião pública” para a reação de Israel enquanto “país agredido”, o que viria a acontecer em seguida. Nessas circunstâncias, o retrato do dia 7 de outubro serviu para o Estado de Israel pousar de vítima. Sob o argumento da autodefesa e a perseguição aos “terroristas” do Hamas vemos nesses dias ataques brutais e indiscriminados à população palestina. Até este momento, quase 29 mil palestinos foram mortos, sendo que 70% são mulheres e crianças, contra cerca de 3 mil israelenses, na maior parte militares. Israel conta com um dos maiores poderios bélicos e militares do mundo: são 173 mil militares da ativa e 465 mil na reserva, já mobilizados, contra 20 a 25 mil integrantes das brigadas do Hamas[3]. leia mais