Boletim de Conjuntura Internacional

O movimento operário na Alemanha de hoje.


por Lothar Wentzel

Gostaria de responder de forma um pouco mais precisa a respeito de como os operários se movimentam politicamente na Alemanha. O cenário entre os operários tem um espectro muito grande. A maioria vota mesmo no SPD e no Partido da Esquerda (die Linke) – 35% também votam na CDU – mas sua posição move-se amplamente no campo do capitalismo. De 30 a 40% dos operários estão organizados em sindicatos. O capitalismo parece para os operários como o sistema econômico mais efetivo e o socialismo, depois da experiência com a Alemanha Oriental, caiu em descrédito. Na crise do mercado financeiro de 2008/09, ocorreu uma curta disposição de crítica ao capitalismo, pois se sentiu como é insegura a própria existência do capitalismo. Mas a crítica foi dirigida principalmente contra o capital financeiro e contra a especulação e a avareza. Sob pressão dos sindicatos, o tempo de trabalho foi encurtado, mas os operários – na maioria dos casos – não foram despedidos. Dessa forma, não ocorreu um aumento maior do desemprego. A situação ficou estável. A economia alemã depende muito fortemente da exportação de produtos industrializados. Ela encontrou novos mercados, principalmente na China. A situação econômica melhorou novamente. Em outros países da Europa, a situação parece essencialmente pior. Os operários veem que as coisas vão claramente melhor para eles do que nesses países. Por isso, a crítica ao capitalismo diminuiu e a política do governo é vista frequentemente de maneira positiva. leia mais

Dez teses sobre a ascensão da extrema direita europeia

O novo fascismo espreita o Velho Continente

Michael Löwy

RESUMO

O resultado das eleições para o Parlamento Europeu, no fim de maio, registrou na prática o fortalecimento dos partidos de extrema direita no continente. Para sociólogo, discurso com que esquerda explica o crescimento do fascismo pela via da crise econômica reduz fenômeno e deixa de lado suas raízes históricas.

1. As eleições europeias confirmaram uma tendência observada já há alguns anos na maior parte dos países do continente: o crescimento espetacular da extrema direita. Esse é um fenômeno sem precedente desde os anos 1930. Em muitos países, essa corrente obtinha entre 10 e 20%. Hoje, em três países (França, Inglaterra e Dinamarca), ela já atinge entre 25 e 30% dos votos. Na verdade, sua influência é mais vasta do que seu eleitorado: ela contamina com suas ideias a direita “clássica” e até mesmo uma parte da esquerda social-liberal. O caso francês é o mais grave; o avanço da Frente Nacional ultrapassa todas as previsões, mesmo as mais pessimistas. Como escreveu o site Mediapart em um editorial recente: “São cinco para meia-noite”. leia mais

A trégua da Copa: turbulências no Chile e outras conversas ao pé do ouvido entre Dilma Rousseff e Michelle Bachelet

Nesta matéria, o CVM destaca a semelhança entre o projeto chileno em curso na área de educação, que se baseia na transferência de fundos públicos para a gestão privada e a crescente privatização da gestão da assistência à saúde no Brasil. Aqui os recursos públicos são injetados nas famigeradas organizações sociais (OS). Além disso, o governo federal criou a EBSERH, empresa estatal de direito privado para gestão dos hospitais públicos. Consequências imediatas: precarização do trabalho e compras sem licitação. Vai atender assim aos clamores do "saúde padrão FIFA", o que na prática quer dizer serviços públicos de saúde submetidos à lógica do lucro capitalista.  
                                                                                                                                                            CVM
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

Por Frederico Füllgraf
do blog do Nassif

Santiago do Chile – Menos de 48 horas após as primeiras e gigantescas manifestações pelo Ensino Público e Gratuito, que na terça-feira, 10 de junho, voltaram a mobilizar dezenas de milhares de estudantes nas ruas das principais cidades do Chile – com 90 manifestantes presos e 6 policiais militares feridos – a presidente Michelle Bachelet realiza sua primeira visita de Estado desde sua posse em março último, para ratificar sua aliança estratégica com o Brasil. leia mais

Chile, quarenta anos do golpe militar

Raul Estrada

Há quarenta anos, em 11 de setembro de 1973, Santiago do Chile sofreu um violento bombardeio aéreo. Suas Forças Armadas, com os voos rasantes de seus Hawker Hunter, despejaram centenas de bombas sobre o Palácio de La Moneda, até a constatação da morte do presidente Allende. Era o desfecho trágico de uma fase da luta de classes no Chile, com o massacre e assassinato de milhares de trabalhadores chilenos e seus aliados. Mas significava também a vitória das classes dominantes chilenas, representadas em armas por uma das ditaduras mais sanguinárias do continente. leia mais

Cordón Cerrillos e Poder Proletário no Chile em 1972

Artigo publicado na Revista “LES  TEMPS  MODERNES”  N. 347 JUNHO DE 1974

Eder Sader

Escrito em Agosto de 1973 para a revista« Marxisme et Révolution », este ensaio reflete, na sua introdução, linguagem e conclusão, um momento preciso da luta de classes no Chile. Creio, no entanto, que a análise mesma das condições de desenvolvimento do Cordón Cerrillos1 — o primeiro Cordón da região industrial chilena mais importante — permanece válida e necessária para compreender as características e os problemas da vanguarda operária face à criação de um duplo poder. leia mais