Victor Meyer
Textos de autoria de Victor Meyer.
Victor Augusto Meyer Nascimento, mais conhecido na militância política e no mundo acadêmico como Victor Meyer, nasceu em Salvador/BA, em 16 de julho de 1948 e faleceu na mesma cidade, em 17 de abril de 2001.
Passou a infância e a adolescência em Alagoinhas. Foi para Salvador cursar o 2º grau, no Colégio Central em 1964. Em 1967 prestou vestibular para a UFBA, sendo aprovado nos cursos de Física e Geologia. Escolheu esse segundo como futura profissão. Entretanto, já em franco processo de politização e com a militância estudantil intensa, entrou para a organização de esquerda denominada POLOP, em 1968. Foi eleito presidente do Diretório Acadêmico de Geologia em 1969, cargo logo abandonado em face de repressão política que se abateu sobre as organizações de esquerda. Foi para São Paulo e em seguida para o Rio de janeiro, mantendo-se na militância política, sempre na clandestinidade, condição que só viria a sair em 1976, absolvido pelo Superior Tribunal Militar.
Reabilitada a sua condição de cidadão livre, entrou para o curso de Economia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, graduando-se em 1980. Entretanto, não deixou de manter a sua militância prática e teórica, uma vez que a sua vida sempre foi pautada pela perspectiva revolucionária da organização independente da classe trabalhadora e pelo socialismo. Nesse sentido, dedica-se mais profundamente ao estudo do marxismo e ao mesmo tempo passa a pesquisar as razões históricas da crise da economia na antiga União Soviética, direcionando os seus estudos acadêmicos para esse objetivo. O aprofundamento desses estudos culminaria em sua Dissertação de Mestrado “Determinações Históricas da Crise da Economia Soviética”, concluída em 1992. Aprovada com distinção em 1995, foi publicada pela EDUFBA com o mesmo título.
Entre a segunda metade da década de 1980 e inícios da década seguinte desenvolveu intensa atividade teórica e prática, com a elaboração de vários artigos políticos e ensaios teóricos, bem como participando de palestras para sindicalistas e ministrando cursos de formação para operários. Além disso, dedicou-se à preservação e divulgação do legado teórico e ideológico da POLOP através da recuperação e publicação de vários documentos da organização e textos de Erico Sachs.
A partir de 1988 após ser selecionado em concurso na UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana, passou a ministrar aulas de Economia, Economia Brasileira e Monografia naquela Universidade e na Universidade Católica de Salvador.
Manteve-se fiel ao marxismo, ao contrário de muitos intelectuais que passaram a negá-lo diante do ”fim do Socialismo”.
Ao retomar sua atenção sobre a situação da classe operária, passa a investigar a questão da organização no chão da fábrica enquanto tendência organizatória da classe operária frente à reestruturação da produção capitalista a nível internacional. Esse foi o tema do seu doutorado na Escola de Administração da UFBA, iniciado em março de 1997 e terminado em dezembro de 2000.
No decorrer de suas pesquisas de doutorado, manteve contatos com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e, em busca de outras fontes de pesquisa, deslocou-se até a Europa onde, na Universidade Paris-8, Saint-Denis, realizou estágio sob a orientação do Professor Michael Löwy. Na oportunidade, manteve contatos com a CFDT francesa em Paris, com a CC.OO. espanhola em Madri e com as Comissões de Fábrica no complexo automotivo. Disso resultou a tese “Cadeias organizatórias operárias dentro das Multinacionais: um fenômeno internacional emergente”, defendida brilhantemente e aprovada com recomendação de publicação. O trabalho foi publicado pela Casa da Qualidade Editora, sob o título “Reação – Articulação e organização internacional dos trabalhadores ante a globalização – um fenômeno emergente“. Em setembro de 2001, já após a sua morte, ocorreu o lançamento do livro, contando com a participação direta de seu orientador, Prof.Nelson Oliveira.
Deixa para todos aqueles que se preocupam com a causa do Socialismo e do movimento dos trabalhadores uma valiosa contribuição, além dessas acima mencionadas. Disse Michael Löwy, em e-mail datado de cinco de maio de 2001: “…fica a memória de um companheiro fiel aos seus ideais e os seus escritos, bela contribuição ao movimento dos trabalhadores”.
Eliza Tieko Yonezo – janeiro de 2010
Biografia política de Victor Meyer – Eliza Tieko Yonezo, janeiro/2010
1976
- Crítica à “Dialética da Dependência” de Rui Mauro Marini – Revista Marxismo Militante, n. 3: pp 19-36, dezembro/1976
1980 – 1989
- Legislação salarial arrocho para os operários lucro para os patrões – 1983
- O PT e a reforma agrária: crítica à linha adotada – sem data (1985?)
- Acerca do autor e sua obra: Ernesto Martins, Eric Czaczkes Sachs – In “Qual a Herança da revolução russa e outros textos”, Eric Sachs, SEGRAC, Belo Horizonte – MG, 1988
- Reflexões sobre a atual conjuntura – CEPAS, Salvador-BA, agosto/1988
- Da Assembleia Constituinte e à Companhia Siderúrgica Nacional – CEPAS, Salvador-BA, novembro/1988
- Às vésperas de 1989 – caderno nº 3 “PT 2ª zona – Debate”, Salvador-BA, janeiro/ 1989
- A Rússia Soviética na década de vinte. Primeiro enfrentamento do problema da transição – Seminário “Marxismo e História”, UEFS (BA), dezembro/1989
1990 – 1999
- As heranças da campanha eleitoral e as novas perspectivas – janeiro/1990
- Notas sobre o autor (sobre August Thalheimer) – parte de um projeto inacabado de estudo da obra de August Thalheimer, inícios da década de 90
- O 15 de março de Collor de Mello (Rumo à crise institucional) – Informe Conjuntural, Cepas, Salvador-BA, 09/03/1990
- Contradições e conflitos do “Brasil Novo” – in Informe Conjuntural, CEPAS, Salvador-BA,15/05/1990
- Cresce a resistência dos trabalhadores, o governo vacila – Informe Conjuntural, CEPAS, Salvador-BA, julho/1990
- Um semestre de muitas decisões – Informe Conjuntural, CEPAS, 25/08/1990
- E o operário disse não. Comentários sobre a greve geral de maio de 1921 – Informe Conjuntural, CEPAS, Salvador-BA, julho de 1991
- O enigma do chamado “socialismo real” – CEPAS, Salvador-BA, 1991
- Economia soviética. Introdução à história da crise – in “Historia à Deriva – Um balanço de fim de século”, EDUFBA, 1993
- Das incertas fronteiras entre o passado e o presente – introdução ao livro “Andar com os próprios pés”, Belo Horizonte, SEGRAC, 1994
- Depois das eleições – Nota introdutória escrita para o livro “Andar com os próprios pés”, Belo Horizonte, SEGRAC, 1994
- Bases históricas da instabilidade da economia soviética: um retorno aos anos
trinta – 1995 - Tendências conjunturais da economia brasileira – in Revista Conjuntura & Planejamento da SEI – BA, maio/1996
- Novas tecnologias e divisão do trabalho: relendo a Ideologia Alemã – Revista de História Contemporânea, V.1, nº4, julho 1997
- Reforma da Previdência: crítica da razão totalitária – Gazeta Mercantil, 14/11/1997
- Internacionalização dos bancos brasileiros: motivações produtivas ou parasitárias? (indagações para uma pesquisa) -in Sitientibus, Feira de Santana, julho/dezembro 1997
- A dominação do capital fictício – Gazeta Mercantil, 08/01/1998
- O Estado subordinado a lógica rentista – Gazeta Mercantil, 30/01/1998
- Estados capitalistas reduzem seus mecanismos de defesa – Gazeta Mercantil, 22/03/1998
- Tensões interestatais: o declínio da “cooperação antagônica” – Gazeta Mercantil, 27/03/1998
- A propósito de uma utopia – Gazeta Mercantil, 15/04/1998
- Um olhar sobre Cuba – Gazeta Mercantil, Salvador, 20/07/1998
- A proibição do tempo livre nos tempos da terceira revolução industrial – in II Seminário sobre a contemporaneidade, NUC / UEFS, Feira de Santana – BA, 22 a 23/9/1998
- A mundialização da resistência ao capital: uma tendência nova? – Caderno do CEAS, setembro, outubro/1998
- Frágua inovadora: o tormentoso percurso da Polop – escrito em 1999 e publicado em “O tempo no Planetário e outros ensaios”, Stotz, Eduardo Navarro, Ed. do Autor, Rio de Janeiro, 2008.
- O Estado capitalista de volta as origens (Uma abordagem crítica ao estado contemporâneo) – In Revista Sitientibus, Feira de Santana, n.21, julho, dezembro/ 1999
- Paris – Um Olhar Estrangeiro e Caleidoscópico (Os muros de Paris) – Carta a Eduardo Stotz, Salvador-BA, Salvador, setembro de 1999
- Marighella e a estratégia de luta contra a Ditadura Militar: evocações de velhos e novos tempos – in “Marighella, o homem por trás do mito, Jorge e Cristian Nóvoa, Ed. UNESP, 1999
2000 – 2001
- A globalização e a organização dos trabalhadores: novos horizontes – Organização no local de trabalho: desfio para o sindicalismo”, CNM CUT – Bahia, 2000
- Cadeias Organizatórias Operárias dentro das Multinacionais: um fenômeno internacional emergente – Tese de Doutorado à Universidade Federal da Bahia, Salvador-BA, 2000
Sem data