Falecimento do companheiro Washington Costa
Faleceu o ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro e da CUT-RJ, Washington Costa.
O CVM comunica o falecimento do companheiro Washington Costa, 57 anos, ocorrida na madrugada desta segunda-feira, 19 de maio, vítima de complicações decorrentes de um AVC.
Reproduzimos a nota escrita pelo companheiro Jaime Santiago, que integrou a Oposição Sindical Metalúrgica do Rio de Janeiro e a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos em 1987, seguido do depoimento de Ernesto Germano Parés, que também acompanhou a trajetória sindical de Washington Costa.
Nota de Jaime Santiago:
“A classe trabalhadora perdeu um de seus militantes mais dedicados. Washington Costa, um companheiro que conheci, em 1978, na Oposição Sindical Metalúrgica do Rio de Janeiro e que durante nossos anos de militância sempre foi um dos grandes batalhadores da luta pela destruição da sociedade capitalista e implantação de uma sociedade socialista com um governo dos trabalhadores.
O conheci como militante, como companheiro de luta e companheiro de trabalho durante alguns meses na White Martins. Mais do que nossas divergências políticas e sindicais sempre estivemos unidos na luta pela emancipação da classe trabalhadora.
A perda do companheiro Washington se junta a de outros destacados combatentes dos metalúrgicos – José Domingos Cardoso, o Ferreirinha, João de Deus, Luiz Paulo Gianini entre outros.
A maior homenagem que posso prestar ao companheiro, neste momento, é transcrever a homenagem feita pelos metalúrgicos em seu enterro, hoje, 20 de maio, no Cemitério de Sulacap.
Um companheiro leu o texto e como aconteceu em greves históricas como a da Fiat e da CSN, todos repetiram a frase lida:”
Jaime Santiago
ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro,
ex-presidente da CUT RJ
Depoimento de Ernesto Germano Parés:
“Companheiro Washington Costa!
Perdemos um companheiro leal, lutador e seguro na defesa do socialismo! Na manhã de segunda-feira (19/05) o companheiro Washington Costa não resistiu a um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e faleceu deixando um legado de luta. Desde a adolescência ele já convivia com uma sombra em sua saúde depois de doar um dos seus rins para salvar o próprio pai. Mas não o impediu de ser um lutador e estar sempre na luta com os trabalhadores no Rio de Janeiro e no Brasil.
Em 1980, Washington Costa participou da fundação do Partido dos Trabalhadores e integrou a Direção Regional do Partido, no Rio. Em 1982 ele fez parte de uma das chapas de oposição para disputar as eleições no Sindicato dos Metalúrgicos do RJ.
Lamentavelmente, naquela época a Oposição Sindical Metalúrgica foi dividida para o pleito e permitimos que Oswaldo Pimentel continuasse dirigindo a entidade.
Em 1983 Washington participou ativamente na criação da Central Única dos Trabalhadores – CUT – e ajudou a organizar várias oposições sindicais em nosso estado.
Em 1986, diferentemente do que ocorreu em São Paulo, a Oposição Metalúrgica Cutista foi unificada para a disputa e conseguiu reconquistar o Sindicato para os trabalhadores, tendo o companheiro Washington Costa como presidente.
No dia da sua posse, Washington fez questão de convidar um companheiro metalúrgico, ex-integrante da Comissão de Fábrica da Fiat na época da repressão, para destruir a marretadas a roleta que ficava na entrada do sindicato.
Pouco depois de sua posse, o Sindicato dos Metalúrgicos imprimia outra dinâmica para o movimento no Rio. A experiência da greve em setembro de 1979 serviu para reorganizar o Sindicato em áreas de atuação. Foi um período de crescimento das lutas metalúrgicas no nosso estado.
No início da década de 1990, Washington foi eleito para presidente da CUT-RJ e participou ativamente em vários movimentos no nosso estado. Em 1994 disputou as eleições como candidato a Deputado Federal pelo PT.
Washington não era só um dirigente sindical combativo e defensor do socialismo. Como pessoa e como amigo era um ser diferenciado, simpático, solidário e sempre disposto a conversar e ouvir outras opiniões. Mesmo nos momentos de crise, falava manso e pausadamente.
Quando se afastou do movimento sindical, concluiu seus estudos e se formou em engenharia mecânica. Prestou concurso público e tornou-se professor no CEFET-RJ, tendo participado ativamente da greve dos professores federais.
Valeu, meu amigo “baixinho”!Grato pela amizade que tivemos e pelas suas lutas!
Companheiro Washington Costa marcou seu espaço e não será esquecido.”