Nota de falecimento: Gilson Thomaz de Aquino (Metalúrgico) um lutador incansável pelo Socialismo

GILSON THOMAZ DE AQUINO (METALÚRGICO) UM LUTADOR INCANSÁVEL PELO SOCIALISMO

Gilson faleceu no dia 08/07/2023 aos 84 anos. Pelas lembranças que tenho, o Gilson iniciou sua militância nos anos 60 no Jacarezinho, onde residia até hoje, vindo do Morro dos Prazeres onde nasceu, filho da D. Julia e do Seu Jaconias.

Contava que iniciou sua militância política ligado ao PCB nos anos 60 e era conhecido como Marujinho por estar servindo na Marinha. Foi recrutado pelo João “Barbeiro” e atuou no movimento de favelas a partir do Jacarezinho, que era conhecido como Moscouzinho pela quantidade de comunistas residentes no bairro.

Fui apresentado ao Gilson pelo Eduardo Stotz no ponto de ônibus, na Av. Brasil em frente ao Porcão, no ano de 1979, e lá se vão 43 anos de amizade e companheirismo. O Gilson estava saindo da fábrica (White Martins) onde era inspetor de qualidade e tinha sido eleito numa greve no ano de 1978 como delegado sindical.

Conheci o companheiro Adonis (Gilson), e com ele a minha companheira Carminha que trabalhava na General Acoustics (uma pequena fábrica em Ramos). Começamos a frequentar as reuniões da Oposição Sindical Metalúrgica, que em 1980 formou a Chapa do MUM e o Gilson foi indicado para a Executiva.

Na greve de 1979 ele foi o representante da área da Av. Brasil coordenando os piquetes Aguia 1, 2 e 3. Carminha coordenava um dos piquetes. Após a greve Carminha exigiu que eu voltasse para a fábrica pois tinha me conhecido em Contagem, ela trabalhando na Poligh Heckel, uma grande empresa e eu na Cimec, uma pequena empresa. Eu era militante clandestino da Polop trabalhando na fábrica e ela era um contato que estava no processo de recrutamento para militância. Decidimos que eu voltaria para o Rio, ela me acompanharia e assim estamos casados há 44 anos.

Nesse processo Gilson foi fundamental para a minha entrada na White Martins onde trabalhamos juntos como Inspetores de Qualidade. O Gilson foi um dos melhores profissionais da área que conheci. Transmitiu conhecimentos da profissão e da política. Tenho uma imensa gratidão por ter sido escolhido para receber esses ensinamentos.
Participávamos juntos do processo de criação do Partido dos Trabalhadores. O Gilson era incansável, participava das reuniões, fazia intervenções nas reuniões, discursava nas assembleias do sindicato e nas reuniões da oposição.

Gilson além de ser incansável era um grande orador pois tinha a capacidade – numa assembleia sindical onde todos usavam o microfone – ele conseguia ser ouvido apenas utilizando a voz.

Na White Martins iniciávamos a jornada às 6 horas da manhã. Ocorreram dias em que o Gilson chegava esgotado por ter ficado em reuniões do PT, pois como era da direção havia participado de reunião até tarde da noite. Chegava, batia o ponto, ia para a seção e se dirigia para o almoxarifado de chapas e lá no alto forrava o chão com um papelão e dormia umas duas horas. Esse sumiço era acobertado pelos companheiros da Inspeção de Recebimento – Sardinha, Carlos Alberto “Empenado” e eu. Após esse período o Gilson voltava e alegrava o ambiente com suas histórias. São recordações como essas que desejo guardar do Gilson. Tinha grandes qualidades e grandes defeitos e são recordações como essas que quero guardar do Gilson. Pois citando um dos ditados que ele gostava de usar “se é meu amigo pode”.

Gilson tinha saído do PCB e militava na Polop. Ele sempre falava que ele era “Politica Operária”, ou seja, identificado com os princípios das origens da organização, que sempre defendeu a organização independente da classe operária e trabalhadora. No movimento sindical defendia a liberdade sindical, os sindicatos livres e a organização nos locais de trabalho.

No PT sua posição era defender essas bandeiras. No sindicato, nas oposições, nas reuniões em todos os lugares eram essas bandeiras que esse incansável lutador defendia.

Gilson era o que chamávamos de “intelectual orgânico da classe operária”. Seu falecimento significa para nós a perda de uma parte da história do sindicato dos metalúrgicos desde a década de 1960.

A perda de um companheiro que sempre manteve a bandeira do Partido dos Trabalhadores do qual foi um dos fundadores sempre presente.

A perda de uma parte da história do movimento sindical e político do país e principalmente do Rio de Janeiro.

Parte um lutador da classe trabalhadora brasileira. Cabe a nós mantermos as bandeiras que ele defendeu em pé. Principalmente a bandeira da luta pela independência da classe operária e trabalhadora em relação à burguesia e a luta por uma sociedade socialista.

GILSON THOMAZ DE AQUINO PRESENTE. HOJE E SEMPRE!

Jaime Leis Santiago

 

 

Foto: Recordando o Gilson uma foto no lançamento da chapa 2 Principios e Luta (Cut) em 1983 com Ferreirinha como presidente.

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Camaradas

Ao depoimento de Jaime Santiago certamente haveriam muitas outras histórias para contar sobre a militância na Polop e o ativismo sindical de Gilson Thomaz de Aquino.

Gilson, o Adonis, nome de guerra pelo qual era conhecido na clandestinidade, dedicou a sua vida a luta pela organização independente da classe operária. Foi um liderança operária muito combativa, e ficará na memória daqueles que lutam por um Brasil Socialista.

Companheiro Gilson! Presente!

Coletivo do CVM

 

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