Arquivo da categoria: Socialismo

A lenda do outubro alemão de 1923

Arbeiterstimme ”, nº 221, 2023

 

100 anos de 1923

A memória de 1923 é também uma ocasião para a mídia nacional. Foram publicadas pelo menos dez novas monografias que tratam deste ano econômica e politicamente agitado. Muitas vezes ele é visto como um ano chave para a história alemã do século XX.

Para o mainstream burguês, o foco da análise está frequentemente na hiperinflação, que atingiu o seu pico naquele ano, e na sua superação. Mas também o golpe de Hitler e aspectos culturais são discutidos detalhadamente em algumas publicações. leia mais

Um sonho escuro, heroico e terrível (sobre a experiência socialista na antiga URSS)

Eduardo Stotz

 

Apresentação

 

O capitalismo é um “sistema” historicamente condenado por suas características predominantemente destrutivas: trata-se de um modo de produção que gera, pela exploração da força de trabalho assalariada, simultaneamente riqueza e miséria social; por desconhecer limites, a expansão do modo de produção capitalista ameaça a vida em escala planetária; a competição generalizada e cada vez mais violenta entre as gigantescas empresas monopolistas, garantida pelos respectivos estados nacionais, agrava a tendência à militarização e à guerra. leia mais

O ano de 1793

Rosa Luxemburgo
Tradução da versão francesa do Marxist Internet Archive

Extraído de um artigo que apareceu em julho de 1893 na revista polonesa Sprwa Robotnicza (A Causa Operária), publicado em Paris e divulgado clandestinamente na Polônia. Rosa Luxemburgo foi sua principal editora. Este texto, “escrito por ocasião do centenário de 1793”, encontrava-se inédito em francês até sua publicação no jornal L’Humanité em 15 de janeiro de 2009, graças ao historiador polonês Feliks Tych (Varsóvia), que o autenticou como escrito por Rosa Luxemburgo.(CVM)

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O ano de 1793! Cem anos se passaram desde os tempos que os inimigos do povo trabalhador, os czares, os reis, a nobreza, os príncipes, os donos de fábricas e todos os outros ricos (os capitalistas) ainda hoje não conseguem lembrar sem experimentar um terror. Suas almas estremecem só de ouvir a expressão: o ano de 1793! leia mais

Sobre a Humanidade Socialista

Pode ser paradoxal falar em socialismo hoje, num contexto mundial caracterizado, de um lado, pelo baixo crescimento econômico e agravamento da miséria social seis anos depois da crise que afetou principalmente os países do centro do capitalismo; e, por outro lado, do deslocamento, nesses países, da correlação de forças sociais à direita, pois a luta de classes não encontra ainda um proletariado organizado em torno de uma alternativa revolucionária. 

Mas é exatamente em épocas como esta, na qual se vislumbra o horizonte da barbárie, que devemos levantar a bandeira do socialismo, única possibilidade de superação das contradições em que o capitalismo mergulha a humanidade. Significa também um chamamento do proletariado à resistência e a luta de classe.

A palestra Sobre a Humanidade Socialista, de Isaac Deutscher (1907-1967) serve a estes propósitos.(CVM)

 

Sobre a Humanidade Socialista

Isaac Deutscher 

 

Pediram-me para falar com vocês sobre a “Humanidade Socialista”. Este é um tema bastante amplo, a ponto de requerer tantas abordagens a partir de diversos ângulos, que devo pedir a vocês desculpas se o que vou dizer se assemelhar mais a uma conversa informal do que a uma conferência.

Os marxistas, em geral, têm sido renitentes em falar sobre a humanidade socialista; e devo confessar que eu mesmo senti algo desta resistência na primeira vez que esta conferência me foi proposta. Qualquer intenção de oferecer uma descrição da humanidade socialista, quer dizer, retratar o membro da futura sociedade sem classes, irá parecer tingido de utopia. Esse foi o domínio dos grandes visionários do socialismo, especialmente de Saint-Simon e Fourier, os quais, da mesma forma que os racionalistas franceses do século XVII, imaginaram que eles – e através deles, a Razão – finalmente haviam descoberto o homem ideal e que, uma vez feito este descobrimento, a realização deste ideal ocorreria a seguir. Nada mais distante de Marx e Engels e os principais marxistas das gerações subsequentes do que semelhante pensamento. Eles certamente não disseram à humanidade: “Aqui está o ideal, ajoelhe-se diante dele!” Em lugar de nos oferecer um esquema da sociedade futura, se dedicaram a produzir uma análise realista da sociedade tal qual era e é, a sociedade capitalista; e uma vez que as lutas de classes de seu tempo foram enfrentadas, se comprometeram de forma irrevogável com a causa do proletariado. Entretanto, ao responder as necessidades do seu tempo, não deram as costas para o futuro. Tentaram, no mínimo, de conjecturar a forma das coisas que estavam por vir; mas formularam suas conjecturas com fortes reservas e somente por acaso. Em seus volumosos escritos, Marx e Engels somente nos deixaram algumas poucas e dispersas alusões sobre o assunto que nos ocupa, alusões significativamente inter-relacionadas e que sugerem novos e imensos horizontes, mas são unicamente alusões. Sem dúvida, Karl Marx tinha a sua concepção da humanidade socialista, mas esta era a hipótese de trabalho de um analista, não a suposição de um visionário; e ainda que estivesse convencido do realismo histórico de suas previsões, as tratou com certa dose de ceticismo científico.

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SOBRE O HOMEM SOCIALISTA – ISAAC DEUTSCHER

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Lenin: Palestra sobre a Revolução de 1905

Vladimir Ilitch Ulianov Lenin

Palestra proferida em 22 de Janeiro de 1917, na Casa do Povo de Zurique, perante uma reunião de jovens operários suíços.

Jovens amigos e camaradas,

Comemoramos hoje o décimo segundo aniversário do “Domingo sangrento”, considerado com toda a justeza como o início da revolução russa.

Milhares de operários, não social-democratas, mas crentes, súditos fiéis do czar, conduzidos pelo padre Gapon, encaminharam-se de todos os pontos da cidade para o centro da capital, em direção à praça do Palácio de Inverno, para entregar uma petição ao czar. Os operários caminham com ícones, e Gapon, o seu chefe na ocasião, tinha escrito ao czar dando-se como garantia da sua segurança pessoal e pedindo-lhe que se apresentasse perante o povo.

A tropa foi alertada. Ulanos e cossacos carregam sobre a multidão com armas brancas; disparam contra os operários desarmados que ajoelhados suplicam aos cossacos que lhes permitam aproximar-se do czar. Segundo os relatórios da polícia, houve nesse dia mais de um milhar de mortos e mais de dois mil feridos. A indignação dos operários foi indescritível. leia mais