Calote travestido de falência: demitir em massa, desrespeitar direitos, para lucrar ainda mais: é isso que pretende a MABE

Do site da Intersindical, Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora

CONTRA MAIS ESSE ATAQUE A LUTA DOS TRABALHADORES ORGANIZADOS COM O SINDICATO SEGUE FIRME

A Mabe detentora das marcas Continental e Dako, multinacional do setor linha de branca com sede no México, tenta impor um golpe contra os trabalhadores ao se esconder através do pedido de falência decretado pelo Judiciário na semana passada.

Desde 2013 em recuperação judicial, a Mabe preparou um plano recheado de manobras jurídicas para demitir os 2 mil metalúrgicos hoje funcionários nas plantas de Campinas e Hortolândia, seu objetivo é continuar operando no Brasil, porém não mais com os trabalhadores que tiveram sua saúde atacada pelo ritmo alucinante da produção de fogões e geladeiras.
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Além das 342 demissões, em que 110 têm estabilidade pela Convenção Coletiva pois são vítimas de acidentes e doenças provocadas pelo trabalho, a empresa desde o final de 2015, não pagou os salários, como também o 13ͦsalário e a PLR.

São muitos os trabalhadores tanto na planta de Campinas e Hortolândia que adoeceram por conta das condições de trabalho e do ritmo imposto à produção: lesões por esforços repetitivos, Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), entre os quais se destacam problemas sérios na coluna, tendinites, bursites, epicondilites, ou seja, processos inflamatórios que provocam doenças irreversíveis que atingem os trabalhadores em sua fase mais produtiva.

Fruto da luta organizada pelo Sindicato, o conjunto dos metalúrgicos de Campinas e região, como também os Metalúrgicos de Limeira e São José dos Campos tem garantindo em sua Convenção Coletiva de Trabalho, estabilidade até a aposentadoria a todo trabalhador que foi vítima de acidente ou doença provocada pelo trabalho que tenha deixado sequela permanente. É disso que a Mabe quer se livrar.

A prova disso está na própria afirmação da empresa responsável pela recuperação judicial, ao dizer que tem planos concretos para continuar a produção, porém com a abertura de nova empresa e novas contratações, ou seja ela quer as máquinas, os equipamentos, as fábricas hoje ocupadas, mas quer nova força de trabalho para explorar.

Junto a isso a Mabe está entre as centenas de empresas que tiveram farta ajuda do governo Lula/Dilma, através da diminuição dos impostos e no caso da linha branca mais ajuda do Estado nos programas decorrentes do “minha casa, minha vida”, que se desdobraram no “minha casa melhor”, em que o governo liberou mais crédito especialmente para linha branca. Ou seja, enquanto os trabalhadores se endividavam, a Mabe lucrava ainda mais explorando a força de trabalho com o aumento da sua produção e se acomodava na política subserviente do governo aos seus interesses.

E agora a manobra da multinacional consiste em demitir todos os trabalhadores principalmente os que têm estabilidade garantida por conta do adoecimento provocado pelas condições de trabalho impostas e junto a isso, seu plano é precarizar as novas contratações.

A LUTA DOS TRABALHADORES NA MABE JUNTO COM SEU SINDICATO NÃO COMEÇOU AGORA

Os metalúrgicos na Mabe são mais um exemplo da importância de ter um Sindicato que não se rende ao pacto com os patrões, não se submete ao governo e organiza a luta junto aos trabalhadores a partir dos locais de trabalho.

Desde antes da recuperação judicial, os metalúrgicos na Mabe sempre são presença ativa nas lutas gerais da categoria. E em 2013 quando a empresa anunciou a recuperação judicial, enquanto o Sindicato dos Metalúrgicos de Itu/CUT, aceitou as 1.000 demissões que a Mabe fez na cidade, o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região organizou a resistência nas duas plantas de Campinas e Hortolândia e foi essa firmeza que impediu as demissões em massa e que empresa impusesse seu golpe.

A ocupação das duas fábricas que se iniciou na segunda-feira e segue firme é fruto da ação do Sindicato que junto com a Intersindical, além de denunciar, o ataque dos patrões, a subserviência do governo ao Capital, tem organizado a luta a partir da base e não simplesmente em nome dos trabalhadores. Enfrentando também o aparado armado à serviço da empresa, foi o que aconteceu na planta de Hortolândia quando seguranças da empresa tentaram a tiros impedir a continuidade da ocupação, mas não conseguiram.

A solidariedade ativa que vem de todos as regiões do país, à legítima ocupação dos operários na Mabe juntos com seus instrumentos de luta, o Sindicato e a Intersindical além de fortalecer a nossa luta que passa por Campinas, Hortolândia, Cubatão, Ipatinga e tantos outros lugares onde o Capital sabe que não vai submeter os Sindicatos aos seus interesses, é também demonstração que seguimos firmes e coerentes na defesa intransigente da classe trabalhadora, contra as demissões, o banco de horas, o lay-off, e todas as formas de ataques aos direitos dos trabalhadores.

POR NENHUM DIREITO A MENOS, CONTRA AS DEMISSÕES E O CALOTE DA MABE, SEGUIMOS FIRMES E EM LUTA!

 

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