Nota de falecimento: companheira Teresa Urban

Comunicamos o falecimento da companheira Teresa Urban, ocorrido na última quarta-feira, 26 de junho de 2013, vítima de enfarto, no Hospital Vita. Será realizada a sua cremação no dia 27 de junho em Campina Grande do Sul. O corpo foi velado na capela do cemitério municipal São Francisco de Paula.

Transcrevemos a seguir a nota escrita pela ambientalista Letícia Camargo.

“Teresa Urban nunca deixou de lutar pelas causas ambientais, foi pioneira na cobertura jornalística sobre o tema e sempre inspirou militantes e ativistas no Paraná e no Brasil.

Mesmo quando grávida, viajou para o interior do Paraná numa tentativa corajosa de introduzir os bóias-frias na esquerda, quando caiu nas mãos da repressão, onde sofreu torturas inimagináveis, tanto físicas como psicológicas, com o filho ainda recém-nascido. Defendia que qualquer revolução tinha de ser feita com a vanguarda dos trabalhadores organizados. Militou em movimentos contra a ditadura e foi exilada. Publicou mais de 20 livros relacionados à conservação da natureza, a luta trabalhadora, a repressão da ditadura entre outros temas e seu último livro, lançado no mês passado.

Sua atuação na área ambiental deixou um legado imensurável para a sociedade paranaense e brasileira, mapeou os remanescentes da floresta de araucárias e desenvolveu diversos projetos ambientais na área de conservação da natureza com ONGs e entidades da área. Sua militância e ativismo socioambiental garantiu a não instalação de uma termoelétrica no litoral paranaense, o fechamento da Estrada do Colono no Parque Nacional do Iguaçu entre outros. Alertou a população no Paraná e Brasil quanto aos retrocessos socioambientais do atual governo e foi liderança na campanha Veta Dilma contra a Reforma do Código Florestal, mudança que questionou até seu último momento.

Seus posicionamentos eram claros quanto à importância dos serviços e leis ambientais, defendia que a responsabilidade socioambiental deveria ser vista como um compromisso entre gerações e mais que isso, como um pacto civilizatório.

Costumava questionar “a natureza nos protege, mas quem protege a natureza?” e assim viveu para protegê-la. Teresa deixa milhares de órfãos da militância ambiental e hoje, assim como eu, as florestas choram.

Grande guerreira, mãe, mulher de luta, seus ensinamentos estão e estarão presentes sempre nos gritos de revolução e em cada jovem que hoje se levanta por um país melhor. A impressão é de que minha mestra inspiradora precisava ver a juventude na rua ocupando a política nacional para saber que agora sim poderia ir embora. Sua luta continua conosco e em cada manifestação pela liberdade, pelas florestas e pela vida Teresa Urban estará presente.

Eterna admiradora,

Letícia Camargo.”

 

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