Todo apoio à resistência palestina!

Cem Flores – 11.10.2023
Foto: Palestinos da Faixa de Gaza celebram a derrubada do cerco israelense em 7 de outubro, dia de outras inúmeras ações de militares contra a ocupação.

 

No dia 7 de outubro, diversas forças de resistência palestinas realizaram ataques militares com milhares de foguetes e rompimento de cercos contra colonos ilegais e contra militares da ocupação israelense. Essa foi a maior ação palestina em muitas décadas, demonstrando que a resistência continua viva, apesar de toda brutal repressão da ocupação israelense apoiada pelo imperialismo ianque.

A cobertura dos grandes monopólios midiáticos, mais uma vez, busca taxar a justa resistência do povo palestino contra a expansão colonial de Israel como “terrorista”. Ao mesmo tempo em que acobertam todos os crimes humanitários diários de Israel contra os/as palestinos/as. Assim como fazem quando qualquer povo oprimido se rebela contra a dominação! Reforçam tal discurso do regime israelense, não só as lideranças reacionárias, de direita, em todo o mundo, como também vários governos e organizações ditas de “esquerda”, como é o exemplo de Lula e do PT no Brasil.

Às classes dominadas de todo o mundo, é fundamental ter clareza que os/as palestinos/as resistem e resistirão como podem pelas mesmas razões que sempre resistiram os povos oprimidos – resistem porque o inimigo não deixa nenhuma outra opção. Diante da miséria e das carências cotidianas de décadas de invasão às terras palestinas e de uma opressão colonial por parte de Israel, diante da alternativa de continuarem humilhados/as e explorados/as, resistem e resistirão das formas concretas que encontrarem.

Resistem e resistirão até terem expulsado o invasor, até terem consolidado seu próprio estado nacional, independente politicamente e economicamente viável. E nessa justa luta, cabe aos/às comunistas apoiarem e buscarem se inserir concretamente nela, levantando não só a bandeira contra o colonialismo de Israel, mas contra todo esse sistema imperialista que tem levado o mundo a mais uma rodada de guerras e destruição.

TODO APOIO À LUTA PALESTINA!

 

A luta do povo palestino é uma luta justa

Israel surgiu após o holocausto e a derrota do nazi-fascismo, com a partilha do território palestino realizada pela ONU, em 1947, entre árabes e judeus. Inúmeros conflitos ocorreram entre eles na região à época – e até antes, por conta da migração judaica à Palestina anterior a 1947.

Mas o fato é que, há várias décadas, Israel não só se estabeleceu como também atua violentamente para expandir seus territórios para muito além das fronteiras definidas em 1947, invadindo e controlando as terras e reprimindo e aprisionando o povo palestino através de inúmeros rompimentos de tratados e acordos, tanto com as autoridades palestinas como com a comunidade internacional, praticando crimes de guerra e contra a humanidade. É o que fazem hoje contra o povo palestino, um povo que sofre uma opressão colonial aberta por parte de Israel.

Estágios da ocupação e controle israelense.

O discurso ideológico israelense busca construir uma linha contínua que vai da luta contra o antissemitismo, da luta pela criação de Israel, até o atual Estado colonialista de Israel. Na realidade, essa suposta continuidade é apenas uma justificativa para sua ampliação de fronteiras, instalação de novas colônias, novos assentamentos ocupando ilegalmente os territórios palestinos, buscando ou expulsar os moradores anteriores ou “integrá-los”, por meio de uma segregação racial (apartheid), como cidadãos de segunda classe em Israel, por isso mesmo, mão de obra barata para o capital israelense. Da mesma forma, esse discurso serve para acusar de “antissemitismo” qualquer força política que se oponha ao seu avanço colonial, também posto avançado dos interesses ianques e seus aliados no Oriente Médio.

Nos últimos anos, como se vê no gráfico abaixo, a violência do opressor (Israel) nem se compara com a reação do oprimido (povo palestino). Quem realmente aplica uma política de morte contra civis é Israel. Este sofreu 251 perdas de 2008 a 2020, enquanto do lado Palestino foram mais de 5 mil mortos e mais de 100 mil feridos, segundo dados da ONU. Isso sem falar nos 5,5 mil presos políticos, incluindo crianças, e com mais de mil sem julgamento (em “prisão administrativa”, um verdadeiro sequestro em massa). A mesma brutalidade tem se repetido agora com mais uma rodada de bombardeios de infraestruturas civis e cerco total à Gaza. Segundo a declaração recente do fascista que governa Israel, a ocupação tornará Gaza, que possui mais de 2 milhões de habitantes, em uma “ilha deserta” como represália às ações do último dia 07.

Enquanto Israel tem um dos maiores índices de desenvolvimento humano do mundo, a população da Palestina padece de altos índices de pobreza, diretamente causados pela ocupação israelense. Segundo estudo da UNCTAD de 2021,“o custo econômico cumulativo da política de fechamento, restrições e operações militares israelenses na Cisjordânia [parte da Palestina] desde 2000 é estimado em 57,7 bilhões de dólares. A região passou por duas décadas sem empregos e com desenvolvimento interrompido. As projeções do relatório indicam que, caso o país não tivesse sido alvo de restrições e operações militares, a taxa de pobreza na Cisjordânia em 2004 teria sido de 12%, um terço dos 35% observados. O PIB per capita em 2019 teria sido 44% superior ao seu valor real”. Já em Gaza, o maior campo de concentração em todo o mundo, há décadas sob intenso cerco israelense, a população vive um cenário de crise humanitária, que tende a se agravar com os novos ataques e bloqueios de Israel.

Palestino caminha em Gaza, após mais um bombardeio de Israel, em 10 de outubro.

Contra essa brutal opressão que luta o povo palestino: por suas terras, por sua sobrevivência, por sua dignidade. Pois sabem que só a luta pode frear a ocupação: nenhum acordo, governo ou “direito internacional” fará isso por eles! A experiência desses 75 anos de ocupação comprova isso!

Apoiar e se solidarizar com a luta palestina

A atual reação palestina ocorre após anos de reforço do lobby e da propaganda israelense em vários países, que têm enfraquecido as redes de solidariedade à causa palestina. Trata-se de mais uma heroica ação do povo palestino contra a opressão de Israel. Ação que tem gerado solidariedade em vários países.

Hoje essa luta ocorre sob influência muito diminuta de grupos comunistas na região. Após décadas de perseguição, estimulada inclusive por Israel, a resistência à ocupação tem sido dirigida em grande parte por grupos fundamentalistas religiosos. Mas alianças envolvendo outros grupos políticos tem se constituído na região, sob o objetivo comum de defender o território palestino, dando um basta às ilusões com acordos sistematicamente desrespeitados por Israel. É sob essa situação concreta, na qual se encontra a luta de classes naquela região, que a posição proletária e suas organizações devem atuar, na luta contra a ocupação israelense. E nessa luta, ir construindo a perspectiva socialista, assim como várias nações oprimidas o fizeram no século passado.

Palestina livre!

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