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O que está por trás de incêndios nas favelas de São Paulo?

Entrevista do jornalista Conrado Ferrato, um dos produtores do documentário Limpam com Fogo, para Carta Capital sobre especulação imobiliária, CPI dos incêndios e reurbanização.

 

Nos últimos 20 anos, mais de 1,2 mil incêndios foram registrados nas favelas da cidade de São Paulo, sendo que metade deles ocorreu entre 2008 e 2012. De acordo com o documentário Limpam com Fogo, produzido de forma independente pelos jornalistas César Vieira, Conrado Ferrato e Rafael Crespo, isso não é uma coincidência. Há, segundo a produção, uma relação próxima entre o boom imobiliário registrado em algumas regiões da maior cidade do País e o crescente número de incêndios.

Nesta entrevista, Conrado Ferrato, um dos produtores do filme, afirma que os incêndios respondem a uma lógica seletiva. O fogo beneficia determinadas empresas e tem como causa a contínua precarização das comunidades. Segundo Ferrato, os incêndios podem não ser deliberados, mas ocorrem por falta de ação do poder público. “Quando falamos que a especulação está por trás dos incêndios não estamos querendo dizer que construtoras e incorporadoras acenderam um fósforo, queimaram as favelas e construíram um prédio no lugar”, diz. “É algo mais sutil. Não se trata de tacar fogo, mas de deixar queimar”, afirma. leia mais

“Abaixo e à esquerda” define grupos que se mobilizam contra a Copa

Foto de Caio Castor

Quem são os grupos que protestam contra a copa?

Por Beatriz Macruz e Caio Castor do blog Viomundo

Mais de 100 coletivos, grupos e movimentos políticos, sociais e culturais assinaram o manifesto do ato “15M – Copa sem povo, tô na rua de novo”, que reuniu certa de 7000 pessoas no dia 15 de maio, e que começa com a seguinte frase:

O Comitê Popular da Copa SP (articulação horizontal e apartidária de movimentos sociais, organizações, coletivos e indivíduos) desde 2011 se organiza para denunciar as violações de direitos humanos e fortalecer a resistência abaixo e à esquerda contra a violência estatal que se intensifica com a Copa da FIFA de 2014.”

Em comum, além de questionar a realização da Copa no Brasil, todos os grupos signatários, que apoiaram a realização do ato, entendem estar “abaixo e à esquerda”, expressão cunhada pelo Movimento Zapatista (EZLN). Sublinhar esta referência é importante, pois ela evidencia a mudança de paradigma de organização e ação política que dá o tom da maioria das mobilizações em torno da realização da Copa no Brasil. leia mais

Um manifesto reacionário

O Manifesto Pelo Direito de Manifestação, Pelo Direito de Ir e Vir que publicamos abaixo constitui a expressão de um posicionamento direitista de uma parcela dos professores e pesquisadores universitários.

Como sempre acontece com os porta-vozes da pequena-burguesia, esses professores pretendem falar em nome do “povo”, acima das classes, em defesa da liberdade dos “cidadãos”, vista sob o ponto de vista do direito de ir e vir nas cidades, ou seja, de transitar nos automóveis sem os incômodos das manifestações. A liberdade de ir e vir nestes termos, ao se opor aos protestos e as greves, tem por objetivo submeter os trabalhadores aos limites da legalidade burguesa. leia mais

Ciro Flamarion Santana Cardoso (1943-2013): combates pela História

Uma grande perda para a esquerda no Brasil e na América Latina e para a resistência do materialismo histórico. Na tarde deste sábado, 29 de junho, faleceu, aos 70 anos, um dos maiores historiadores brasileiros, o Prof. Dr. Ciro Flamarion Cardoso, Titular de História Antiga e Medieval do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF). Leia a homenagem da Historiadora Virgínia Fontes ao Prof. Ciro Flamarion.

prof. ciro flamarion cardoso

Ciro nasceu em Goiânia, em 1942. Graduou-se em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1965, e doutorou-se na mesma área na Université de Paris X, Nanterre, em 1971. Realizou seu Pós-Doutorado na New York University, em 1984.

Veja a homenagem ao Prof. Ciro Flamarion neste link: http://marxismo21.org/homenagem/

Além disto, ao longo de sua trajetória, acumulou prêmios, publicou/organizou mais de 40 livros, formou doutores e foi professor da UFRJ, da PUC-Rio e de instituições na França e no México. À trajetória de Ciro agrega-se o desenvolvimento de pesquisas concernentes à Metodologia de Pesquisa Científica, à ocupação joanina da Guiana Francesa, à escravidão na América e ao Egito Antigo, tema ao qual dedicava-se nos últimos anos. (fonte: Revista Tema Livre).

Nota de falecimento: companheira Teresa Urban

Comunicamos o falecimento da companheira Teresa Urban, ocorrido na última quarta-feira, 26 de junho de 2013, vítima de enfarto, no Hospital Vita. Será realizada a sua cremação no dia 27 de junho em Campina Grande do Sul. O corpo foi velado na capela do cemitério municipal São Francisco de Paula.

Transcrevemos a seguir a nota escrita pela ambientalista Letícia Camargo.

“Teresa Urban nunca deixou de lutar pelas causas ambientais, foi pioneira na cobertura jornalística sobre o tema e sempre inspirou militantes e ativistas no Paraná e no Brasil.

Mesmo quando grávida, viajou para o interior do Paraná numa tentativa corajosa de introduzir os bóias-frias na esquerda, quando caiu nas mãos da repressão, onde sofreu torturas inimagináveis, tanto físicas como psicológicas, com o filho ainda recém-nascido. Defendia que qualquer revolução tinha de ser feita com a vanguarda dos trabalhadores organizados. Militou em movimentos contra a ditadura e foi exilada. Publicou mais de 20 livros relacionados à conservação da natureza, a luta trabalhadora, a repressão da ditadura entre outros temas e seu último livro, lançado no mês passado.

Sua atuação na área ambiental deixou um legado imensurável para a sociedade paranaense e brasileira, mapeou os remanescentes da floresta de araucárias e desenvolveu diversos projetos ambientais na área de conservação da natureza com ONGs e entidades da área. Sua militância e ativismo socioambiental garantiu a não instalação de uma termoelétrica no litoral paranaense, o fechamento da Estrada do Colono no Parque Nacional do Iguaçu entre outros. Alertou a população no Paraná e Brasil quanto aos retrocessos socioambientais do atual governo e foi liderança na campanha Veta Dilma contra a Reforma do Código Florestal, mudança que questionou até seu último momento.

Seus posicionamentos eram claros quanto à importância dos serviços e leis ambientais, defendia que a responsabilidade socioambiental deveria ser vista como um compromisso entre gerações e mais que isso, como um pacto civilizatório.

Costumava questionar “a natureza nos protege, mas quem protege a natureza?” e assim viveu para protegê-la. Teresa deixa milhares de órfãos da militância ambiental e hoje, assim como eu, as florestas choram.

Grande guerreira, mãe, mulher de luta, seus ensinamentos estão e estarão presentes sempre nos gritos de revolução e em cada jovem que hoje se levanta por um país melhor. A impressão é de que minha mestra inspiradora precisava ver a juventude na rua ocupando a política nacional para saber que agora sim poderia ir embora. Sua luta continua conosco e em cada manifestação pela liberdade, pelas florestas e pela vida Teresa Urban estará presente.

Eterna admiradora,

Letícia Camargo.”